O poder da idiotice
J. J. Duran
A atrofia intelectual e política de que padecem diversas sociedades indo-americanas torna difícil deter e reverter a visível decadência que varre este jovem continente.
Classificar como idiotizada uma sociedade significa nivelar suas características comuns e intenções, quando se trata de analisar um quadro complicado não só na política como também de sobrevivência de forma tão desleixado e idiota como o que estamos vivenciando.
Classificar significa, por incidência, compreender que os países assim definidos são detentores de uma lamentável presença de aventureiros com poder republicano.
A República infectada pelo vírus da idiotice política carece de um antídoto que permita defender seus verdadeiros valores, os princípios conformadores de sua independência.
Quando uma sociedade está saturada pelos constantes desvarios discursivos, há que raciocinar que a estupidez coletiva está se aproximando da destruição de seu sistema de vida.
O peso qualitativo das vozes que se elevam num concerto de ameaças e destruição planificada da verdade - com direito aos linchamentos virtuais que pululam como vírus nas redes sociais e outros meios de comunicação para atacar aos que ousam desmistificar o pensamento dos retrógrados iluministas do autoritarismo - se debilita num cenário tomado de insensatos glorificadores do estúpido mor.
O temporal destrutivo deflagrado pela pandemia do novo coronavírus não é maior que o deflagrado, em inúmeros países, pela aparição vitoriosa de exemplares histriônicos devastadores de tudo o que é necessário para uma convivência pacífica e do diálogo como meio inteligente e civilizado para dirimir diferenças conceituais.
Impor dogmas historicamente velhos e já sepultados democraticamente como verdades absolutas precursoras de um novo tempo e pedras basilares de um novo reordenamento social significa atentar contra a democracia e impor ao horizonte um eclipse sombrio dos direitos de todos.
Os messiânicos iluministas que pregam incansáveis verdades religiosas parecem cegos e estúpidos sacerdotes da secta adoradora da necrofilia.
Como bem escreveu Vargas Llosa no seu livro "Manual do perfeito idiota indo-americano”, aquele que se julga livre da idiotice que atire a primeira IDEIA.
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná