Avicultura teve crescimento de 7,5% em plena pandemia
A pandemia do coronavírus prejudicou a maioria dos setores da economia brasileira, mas não o agro. Uma demonstração disso é a avicultura paranaense, que saltou de 1,9 bilhão de frangos produzidos em 2019 para quase 2,1 bilhões em 2020. O crescimento foi de 7,5%, bem maior que os 5,4% da média nacional.
E foi o mercado interno que alavancou esse crescimento, calcado no aumento do consumo de carne de frango e de ovos em substituição à carne bovina, cujo preço atingiu patamares recordes e fez com que o bife se tornasse uma espécie de artigo de luxo da mesa do consumidor brasileiro.
“Mantivemos nosso destaque na avicultura, respondendo por 30% da produção nacional. O avicultor paranaense vem atravessando o período de pandemia obtendo ótimos resultados e garantindo segurança alimentar”, analisa o presidente da Faep (Federação da Agricultura do Paraná), Ágide Meneghette.
Os dados do último trimestre do ano passado ainda não foram consolidados, mas uma projeção da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) estima que o Brasil tenha terminado 2020 com uma produção de carne de frango 5% maior em relação a 2019, com 13,9 milhões de toneladas. O consumo, por sua vez, aumentou ainda mais (6%), chegando a 45,4 quilos por habitante no mesmo ano. No caso dos ovos, o crescimento foi ainda mais agudo: a produção aumentou 8,5%, chegando a 53,5 bilhões de unidades. O consumo avançou 8,9%, atingindo 251 ovos por habitante, ao longo do ano.
INDÚSTRIA CAUTELOSA
Apesar das projeções da ABPA apontarem para um aumento de 5% na produção e no consumo em 2021, o Sindiavipar (Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná) tem adotado um tom de cautela. O presidente da entidade, Irineo da Costa Rodrigues, prevê bons momentos para a atividade nos próximos anos, mas diz que pode haver até recuo dos alojamentos no curto e no médio prazos. Tudo isso em razão do aumento dos custos de produção, que influencia no equilíbrio do setor.
“Necessariamente, as aviculturas brasileira e paranaense crescerão nos próximos anos. Não tenho dúvidas de que em um país que possui know-how nessa atividade, que tem fartura de matéria-prima, como produção de grãos que são fonte para nutrição animal, a avicultura vá avançar. Neste momento, entretanto, esse crescimento não deve acontecer, podendo até ocorrer redução de produção por falta de viabilidade econômica. Não haverá uma expansão no curto e médio prazos da atividade”, afirma ele.
Grupo do setor que mais cresceu em 2020 no Paraná, a Cooperativa Lar também tem, agora, estimativas mais conservadoras. No ano passado, a empresa adquiriu dois complexos para abate, saltando de 540 mil para 900 mil aves por dia. Para 2021, no entanto, a Lar deve pôr o pé no freio, estagnando a produção ou mesmo reduzindo levemente o número de abates tendo em vista o custo sobretudo da ração, que tem crescido muito.
“Devemos reduzir um pouco [a produção] enquanto perdurar essa crise de preço muito alto do milho e do farelo de soja, que encareceu o custo de produção da atividade, que hoje está deficitária. Mas, certamente, o setor avícola está procurando repassar um preço maior, seja no mercado interno ou externo, em que se busca um aumento no valor do frango na ordem de US$ 250 a tonelada”, aponta Rodrigues, que também é diretor-presidente da Lar. (Foto: Jonathan Campos/AENPR)