O Brasil amado
J. J. Duran
O Brasil que amamos está no coração e na alma de seus cidadãos. Não é uma entidade abstrata, feita apenas de símbolos e circunstâncias e governada por pessoas muitas vezes, digamos, com intenções e condutas duvidosas.
Para ser grande neste mundo que se derrete piedosamente frente a um vírus apocalíptico, o País precisa restaurar aos olhos do mundo o orgulho da República e da missão que cabe a ela.
A soberania de um país é a soberania de seu povo, com a dignidade da sua gente e o respeito sagrado aos direitos humanos da parte tanto de governantes quanto de governados.
Neste difícil momento imposto por um inimigo invisível, é imperativo que se edifique um entendimento entre todas as forças políticas para enfrentar a gravidade que a situação requer.
Já há mais de 300 mil cruzes simbolizando a dor e a desintegração fraternal dos lares brasileiros e parece claro que a discórdia, a negligência e o negacionismo primitivista contribuíram sobremaneira para isso.
O individualismo negativista e o autoritarismo demencial com renovado amor a um passado já distante não podem escurecer ainda mais os horizontes da Pátria.
Os homens necessitam de pactos claros e bem definidos para a sua convivência. Devem existir regras claras e respeitadas estabelecendo os limites entre direitos individuais e direitos coletivos. Mas é preciso que, para sua efetividade, esses direitos resultem de concessões, limitações e obrigações.
As instituições senhoras da República precisam ser a linha divisora entre os interesses de cada um e os interesses da maioria, pois governantes e governados precisam ter na Constituição a mãe de todas as respostas às suas inquietações. Respeitar e ser respeitado são partes imprescindíveis ao bom convívio em sociedade.
A Constituição não é uma obra literária, nem um documento filosófico, e não surgiu do espírito criador de um homem só. Tampouco pode ser a codificação de propósitos de um ou de muitos grupos. A Constituição é uma carta de compromissos assumidos livremente pelos cidadãos.
Neste momento difícil, devemos reconhecer que o Brasil muito deve às suas Forças Armadas. Porém, para refrescar a memória de alguns novos apóstolos da renovação conservadora dos costumes, é bom lembrar que o Parlamento é o poder mais elevado da República. (Foto: Pixabay)
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná