Corredor Ecológico do Paraná, uma referência de preservação
Em meio à crescente preocupação mundial pela adoção de políticas de preservação ambiental, um corredor ecológico localizado no Paraná chama a atenção e é citado como referência nesse sentido. Trata-se do Corredor de Biodiversidade Santa Maria, que no segundo semestre de 2021 completa 20 anos de implantação.
Como projeto inovador, o Corredor Ecológico Santa Maria contribui para promover a sensibilização quanto às questões de preservação e a educação ambiental, sendo referência de boas práticas socioambientais, o que impacta de forma positiva a imagem institucional dos parceiros do projeto. Anualmente, recebe delegações de visitantes compostas por técnicos, ambientalistas e pesquisadores das mais diversas regiões do Brasil e do mundo.
O empreendimento promove a conectividade de áreas já protegidas, por meio da recuperação de áreas de preservação permanente e de áreas ocupadas por pastagens, sendo um importante elo para o Corredor de Biodiversidade Trinacional, formado pelas extensas áreas naturais conservadas da Província de Missiones, na Argentina, e os refúgios biológicos mantidas pela Itaipu Binacional no Paraguai, além das Unidades de Conservação públicas e privadas no Brasil, ao longo dos rios Paraná e Iguaçu, se estendendo desde o Parque Estadual do Turvo, no Oeste do estado do Rio Grande do Sul, até o Parque Estadual do Morro do Diabo, na região Oeste do estado de São Paulo.
Para a formação do corredor ecológico foram reflorestados 73 hectares, num trabalho que envolveu o plantio de 128 mil mudas, além da instalação de pelo menos 73 quilômetros de cercas nas divisas entre o corredor e as propriedades rurais vizinhas. A área conta com duas microbacias, dos rios Apepu e Bonito, que foram conectadas, em 2003, por uma faixa reflorestada de quatro quilômetros por 60 metros.
O Corredor de Biodiversidade Santa Maria foi uma iniciativa dos proprietários do imóvel rural que empresta seu nome ao corredor e onde ele está localizado, a Fazenda Santa Maria, em Santa Terezinha de Itaipu, cujas origens datam do ano de 1948 quando a área foi adquirida pelo patriarca da família proprietária, que já se encontra na quarta geração como detentora da fazenda.
Desde o início, o projeto contou com o apoio de órgãos ambientais como o Ibama e o IAP, Instituto Ambiental do Paraná, bem como da Itaipu Binacional, do Ministério Público e das prefeituras de Santa Terezinha de Itaipu e São Miguel do Iguaçu, pois o corredor se encontra na divisa dos dois municípios, na Tríplice Fronteira Brasil-Paraguai-Argentina, no extremo Oeste do Paraná.
A articulação dos parceiros envolvidos no projeto de implantação do corredor começou no final da década de 1990, quando os proprietários da Fazenda Santa Maria protagonizaram uma ação em defesa do meio ambiente e averbaram uma porção de floresta de 242 hectares como RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural, criada pela Portaria n.º 70/1998-IAP/PR, a qual conferiu à área a condição de categoria de Unidade de Conservação de caráter perpétuo, em terras privadas.
A iniciativa se mostrou muito relevante para a região, sendo que em 2001, através da Portaria 137/2001, Ibama declarou como corredor ecológico essa área composta pela bacia do Rio Apepú, pela Reserva Particular de Patrimônio Natural da Fazenda Santa Maria, bem como pela própria fazenda, pela Bacia do Rio Bonito e pela sua conexão com as áreas protegidas do chamado Lago de Itaipu, formado pela Usina Hidrelétrica de Itaipu. Em 2007, também foi considerada de alta importância biológica para a conservação da biodiversidade, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente, através do Decreto 5.092/04/MMA.
PESQUISAS E ARTIGOS CIENTÍFICOS
O Corredor Ecológico Santa Maria tem servido de inspiração para muitos trabalhos técnicos de pesquisa e monitoramento da fauna e da flora, pois boa parte das medidas de restauração da vegetação já está concluída e as áreas mais antigas apresentam uma fisionomia florestal. Instituições de ensino e pesquisa, públicas e privadas, utilizam o corredor como um laboratório para suas pesquisas, procurando entender os processos ecológicos que estão ocorrendo nesta paisagem preservada do território paranaense. As pesquisas buscam principalmente subsídios científicos que possam determinar a efetividade do corredor como indutor do fluxo de biodiversidade entre as áreas matrizes, compostas pelo Parque Nacional do Iguaçu e pela Faixa de proteção do Lago de Itaipu.
Nas áreas integrantes do corredor é possível avaliar qualitativamente a percepção positiva que a sua implantação causou na região. Há muitos relatos da presença de fauna, conservação dos rios e ganho na qualidade da paisagem rural, com possibilidade de fomentar o turismo rural e cientifico.
RESERVA ECOLÓGICA E PECUÁRIA SUSTENTÁVEL
As medidas de preservação ambiental da Fazenda Santa Maria não se resumem ao Corredor Ecológico Santa Maria e abrangem também a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) da propriedade, numa área de 242 hectares, com vários fragmentos florestais em diferentes estágios de sucessão, permitindo a preservação da fauna e da flora. Ao todo, na propriedade estão protegidos 472 hectares de floresta nativa. Nela se encontram as nascentes de importantes rios da região, como o São João, João Gualberto, Apepú e Bonito. Em sua divisa estão as nascentes de outro importante manancial de água, o Rio Tamanduá, que contribui com 40% do abastecimento da cidade de Foz do Iguaçu.
A Fazenda Santa Maria, que também investe no melhoramento genético na bovinocultura de corte, adotou o sistema agrossilvipastoril, numa combinação entre árvores, pastagens e criação animal, com áreas que privilegiam a sustentabilidade e a biodiversidade, além de zonas de cultivo de cereais e grãos.
UMA INVASÃO QUE DEIXOU MARCAS
Em 18 de março de 2016, a Fazenda Santa Maria foi alvo de uma invasão promovida por integrantes do Movimento dos Sem Terra (MST), que saíram do local dois meses depois, deixando grandes prejuízos à propriedade e cenas de uma grave devastação ao patrimônio, incluindo abate de animais e outros danos, além de terem sido uma ameaça ao escopo ambiental existente na área. A reintegração de posse concedida pela Justiça foi cumprida pela Polícia Militar do Paraná, à época sob o comando do atual deputado estadual, Coronel Lee, que executou bem montada ação de retomada da área, sem qualquer ato de violência e dentro da total legalidade.
Em que pese o fato de ter havido bom êxito naquela reintegração de posse da propriedade, a Fazenda Santa Maria sofre constantes ameaças de novas invasões, o que desconsidera seu importante papel de preservação ambiental na região da Tríplice Fronteira, e todas as boas práticas na agropecuária sustentável adotada pela propriedade.
Para muitos especialistas ambientais, os cerca de 4,5 mil invasores que ocuparam a área em março de 2016 praticaram uma verdadeira agressão a um Patrimônio Natural que é mantido com o apoio de instituições sérias, como o próprio Ibama, o IAP, o Ministério Público e a Itaipu, além dos esforços da família proprietária e das prefeituras da região, que veem na iniciativa um exemplo quando se trata de preservação ambiental.
Atualmente exercendo o mandato de deputado estadual, Coronel Lee, que esteve à frente da retomada da área, em 2016, se mantém ainda preocupado em restabelecer a segurança necessária para que, em seu entendimento, dê condições aos agricultores do Paraná de se concentrarem na produção agropecuária, que tem sido um dos pilares da economia do Brasil. Recentemente, o parlamentar esteve em Brasília, onde se encontrou com o secretário adjunto da Secretaria Especial de Assuntos Fundiários do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Paulo Gustavo Medeiros Carvalho, e também com o assessor especial da pasta, Danilo César Campetti. Na ocasião, o Coronel Lee entregou um amplo material jurídico, técnico e de campo sobre as invasões do MST (Movimento dos Sem-Terra) em todo o Paraná, e aproveitou, inclusive, para relatar sua experiência à frente de operações de reintegração de posse, como a da Fazenda Santa Maria, quando ainda era PM da ativa.
“Tudo o que levantamos ao longo dos últimos anos foi levado ao conhecimento do governo federal. Foram excelentes tratativas e a União já encaminhou diretrizes quanto a este assunto que continua latente, e agora cabe a nós, paranaenses, população de bem, estarmos unidos para debelarmos e desmantelarmos essa facção criminosa que tanto aterroriza nosso povo”, comenta o Coronel Lee.