Projeto da Nova Ferroeste impressiona cooperativas
Coamo e Lar, duas das principais cooperativas do Paraná instaladas no Mato Grosso do Sul, conheceram os detalhes do projeto da Nova Ferroeste em apresentação feita por técnicos do grupo de trabalho criado pelos governos dos dois Estados para desenvolver a nova malha ferroviária. A via terá 1.285 quilômetros de extensão e ligará Maracaju (MS) ao Porto de Paranaguá, dando origem ao segundo maior corredor de exportação de grãos e contêineres do País.
“Pudemos perceber como o mercado está carente de uma infraestrutura logística ferroviária. Tanto a Coamo quanto a Lar se entusiasmaram muito com a ideia. Ou seja, existe um mercado muito forte para ser explorado", destacou o coordenador do Grupo de Trabalho Ferroviário do Estado do Paraná, Luiz Henrique Fagundes.
Instalada em Dourados, segunda cidade mais populosa do Mato Grosso do Sul com aproximadamente 225 mil habitantes, a divisão de soja da Coamo (foto) entrou em operação em novembro de 2019, com um investimento estimado em R$ 800 milhões e gera em torno de 400 empregos diretos e 1.500 indiretos.
Gerente da indústria de óleo, Emerson Abrahão Mansano explicou que a construção de um eixo ferroviário com a inclusão de Dourados vai permitir à Coamo ganhar competitividade, especialmente por causa da redução do custo da operação, estimado em 27% nas exportações. "Temos a expectativa por esse projeto desde quando começamos a pensar em montar a fábrica aqui em Dourados. É algo que vem ao encontro do que a Coamo precisa, com a nossa realidade. A ferrovia terá um impacto muito grande”, disse.
A capacidade atual da planta é para esmagar 3 mil toneladas de soja por dia, dando origem principalmente a óleos refinados. Em torno de 50% da produção é voltada para a exportação, com o trajeto até o Porto de Paranaguá sendo feito atualmente por caminhões. "Um projeto tão grande como esse vai gerar mais crescimento, modificando o cenário completamente”, destacou Mansano.
Para reforçar o apoio da Coamo, o gerente lembrou que mesmo antes de o projeto ganhar corpo, a empresa colocou no plano diretor um local para a instalação de um terminal ferroviário que poderia servir de ligação com a malha interestadual. "Algo muito relevante no cenário logístico do País”, ressaltou.
Já a Lar, cooperativa com sede em Medianeira, no Oeste paranaense, está instalada desde 209 em Caarapó com uma unidade que esmaga 1.500 toneladas por dia e gera cerca de 220 empregos diretos e 600 indiretos.
“A Nova Ferroeste vai facilitar muito a logística de movimentação de grãos. O custo de transportar pela ferrovia será menor e com menos perdas. Além disso, ganhamos agilidade e segurança”, afirmou o gerente industrial da unidade sul-mato-grossense, Thales da Silva. "Com certeza vai significar mais empregos nesta região”, acrescentou.
A FERROVIA
O projeto busca implementar o segundo maior corredor de transporte de grãos e contêineres do País, unindo dois dos principais polos exportadores do agronegócio brasileiro. Apenas a malha paulista teria capacidade maior.
A área de influência indireta abrange 925 municípios de três países: 773 do Brasil, 114 do Paraguai e 38 da Argentina. No Brasil, impacta diretamente 425 cidades do Paraná, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina, totalizando cerca de 9 milhões de pessoas.
A expectativa, de acordo com os técnicos, é que pela Nova Ferroeste seja possível o transporte de 54 milhões de toneladas por ano - ou aproximadamente 2/3 da produção da região. Desse total, 74% seriam destinados à exportação.
Ainda não há definição de valor final para a construção justamente pelo projeto estar em fase preliminar. A expectativa, contudo, é colocar a ferrovia em leilão na Bolsa de Valores do Brasil (B3), com sede em São Paulo, até novembro deste ano. O consórcio que arrematar a concessão será responsável pelas obras. (Foto: Gilson Abreu/AENPR)