Revelações comprometem Lula
Em seu depoimento ao juiz Sergio Moro, em setembro de 2017, Palocci antecipou alguns episódios simbólicos de sua relação com Lula. O ex-presidente, aliás, seria um dos políticos mais citados por ele. Ao falar das relações do ex-presidente com a Odebrecht, por exemplo, Palocci afirmou que Lula havia firmado um "pacto de sangue" com o empresário Emílio Odebrecht nos últimos meses de 2010, em uma conversa sigilosa no Palácio do Planalto.
Nesse período, o ex-ministro era o encarregado de mediar a relação entre o PT, o governo e a cúpula da empreiteira, como revelaram os ex-executivos da Odebrecht em delação. Palocci operava a famosa "conta Amigo", aberta no sistema de propinas da construtora para bancar despesas pessoais, favores e projetos de interesse de Lula.
"Ele {Emílio} procurou o presidente Lula nos últimos dias do seu mandato e levou um pacote de propinas que envolvia esse terreno do instituto, já comprado. Apresentou o sítio para uso da família do presidente, que ele já estava fazendo a reforma, em fase final. Também disse que ele tinha à disposição para o próximo período, para fazer as atividades políticas dele, R$ 300 milhões", revelou Palocci na ocasião.
Dessa conta também teriam saído recursos para remunerar palestras do ex-presidente Lula e doações ao instituto que leva o seu nome. O ex-ministro admite ainda os repasses via caixa dois de empresas para as campanhas de Lula e Dilma. Palocci afirmou ainda que a relação dos empresários com os governos petistas era "bastante movida" a vantagens concedidas a empresas mediante o pagamento de propinas e repasses de caixa dois ao partido.
DILMA
Ao falar para Moro sobre a ex-presidente Dilma Rousseff, o Palocci disse que ela não apenas sabia do esquema corrupto entre PT e as empreiteiras, como teria sido beneficiária e mantenedora dos arranjos. Chegou a dar exemplos de situações em que tais temas foram tratados na presença de dela ou dependeram de sua chancela.