Morre Scalco, uma reserva moral da política paranaense
Uma das maiores reservas morais da política do Estado na opinião inclusive de muitos de seus opositores, Euclides Scalco é mais um paranaense ilustre a sucumbir à pandemia da Covid-19. Ele morreu nesta terça-feira (16), em Curitiba, aos 89 anos, após travar uma luta dramática contra o coronavírus. O governador Ratinho Junior decretou luto oficial de três dias no Estado.
Apesar de ser gaúcho de Nova Prata, Scalco se projetou para o cenário nacional a partir do Sudoeste paranaense, pois se mudou ainda em 1959 para Francisco Beltrão, inicialmente para exercer a profissão de farmacêutico e empresário desse mesmo ramo.
Sua estreia na vida pública foi no diretório municipal do PTB dessa mesma cidade, onde depois exerceu um mandato de vereador (1960 a 1962) e outro de prefeito (1963-1964). Em seguida, passou a atuar em movimentos de trabalhadores rurais ligados à Igreja Católica, militando na Juventude Agrária Católica e participando do trabalho de catequese familiar.
Em 1966 foi um dos fundadores da seção paranaense do MDB, partido pelo qual voltou a ser vereador em Francisco Beltrão (1966 a 1969).
Em novembro de 1974, elegeu-se suplente do senador Leite Chaves e logo em seguida foi escolhido para presidir o diretório estadual do MDB, função que exerceu de 1975 a 1979.
Em novembro de 1978 virou deputado federal pela primeira vez e cumpriu um mandato que o credenciou até mesmo a representar o Brasil no Parlamento Latino-Americano. Reeleito em novembro de 1982, deixando Brasília meses mais tarde para ser o chefe da Casa Civil (1983 a 1986) do então governador José Richa. De volta a Brasília para cumprir o restante do mandato, foi um dos líderes do movimento Diretas-Já. Em seguida, foi eleito deputado constituinte e exerceu o destacado papel nas articulações com vistas à elaboração da nova Carta Magna.
Em 1988 Scalco deixou o MDB para formar o PSDB ao lado de Fernando Henrique Cardoso, Mário Covas, Franco Montoro, José Richa e outros pesos pesados da política nacional à época, mas se desfiliou em 1995 por não concordar com a entrada do ex-governador Alvaro Dias no partido.
NA ITAIPU
Em setembro de 1995 Euclides Scalco assumiu o cargo de diretor-geral brasileiro da hidrelétrica Itaipu Binacional em substituição a Francisco Gomide, e durante sua gestão promoveu a renegociação da dívida de US$ 16 bilhões da binacional com a Eletrobrás.
Depois disso, em junho de 1998 foi convidado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso para assumir a coordenação política de sua campanha à reeleição. Num primeiro momento Scalco recusou o convite, afirmando que não se refiliaria ao PSDB, mas posteriormente acabou aceitando e virando ministro-chefe da Casa Civil do novo goerno. Depois disso Scalco ainda coordenou as campanhas primeiro de Osmar Dias e depois de Beto Richa ao Governo do Paraná, mas a partir daí escolheu ficar um tanto quanto distante da política. (Foto: Arquivo AENPR)