Paraná sangra há 23 anos
"O pedágio sangrou a economia do Paraná". Com essa assertiva frase, o deputado cascavelense Gugu Bueno resumiu em breves palavras na sessão de ontem da Assembleia o maior pesadelo vivido pelos paranaenses ao longo dos últimos 20 e poucos anos, bem como o sentimento dos usuários das principais rodovias do Estado em relação à proposta do tal "novo pedágio", rejeitada por 100% dos participantes das audiências públicas realizadas em Cascavel e Foz do Iguaçu para debater o tema.
Lançado em 2018 por Jaime Lerner, mas planejado anos antes pelo antecessor Roberto Requião, o pedágio é uma espécie de "mal necessário" diante da falta de recursos para investimentos na manutenção e melhoria da atual malha viária, mas virou uma espécie de penitência impagável aos usuários do chamado Anel de Integração.
A exploração tem sido tamanha desde o início que quando o Governo Federal avocou para si a responsabilidade pela renovação (ou não), isso soou como alívio, com os usuários em geral acreditando que o problema estaria resolvido assim que terminassem os atuais contratos, o que ocorrerá em novembro deste ano.
Mas não. A esperança virou frustração assim que o Ministério da Infraestrutura apresentou sua proposta, que, ao menos em termos de exploração dos usuários, não difere em nada do modelo atual. Isso explica o movimento envolvendo todos os principais segmentos do Estado, em uma ação sem precedentes na defesa de uma bandeira mais que legítima.
O presidente Jair Bolsonaro, como chefe do ministro Tarcísio, tem dois caminhos a seguir: desmontar essa armação e cooptar o apoio de uma grande parcela dos paranaenses à sua reeleição, ou manter tudo do jeito que está e receber um duro veredito das urnas quando chegar o pleito eleitoral de 2022.