Sete pecados do poder governante (final)
J. J. Duran
É possível que ainda não se tenha dado à nossa vocação jurídica toda a importância que merece. Basta um olhar retrospecto na história da República para perceber que o maior instrumento outorgado pela democracia é a lei.
Hoje a sociedade brasileira e outras tantas vivem um difícil e grave momento. Milhões de vozes se erguem clamando para que a lucidez e a sabedoria dos governantes nos mantenham no caminho da ordem e da paz, símbolos máximos da fraternidade.
República e representação são insubstituíveis conquistas dos princípios inerentes à dignidade das pessoas. Porém, para falar de representação temos que falar de partidos políticos, e ao falar de partidos temos a obrigação de falar de voto, conquista mor da democracia. E hoje em dia, representação política e voto caminham celeremente para o descrédito e a desmoralização.
Degradou-se a democracia, facilitando o surgimento de líderes populistas e paternalistas, uma espécie de Messias apostólicos evangelizadores liberais que lá na frente mostrarão se a escolha do eleitorado foi um acerto ou um novo e estrondoso fracasso republicano.
Na História pregressa, os líderes populistas sempre foram corrompidos ou vitimados pelo poder econômico. E novos fatos e novas formas de aplicação do conceito jurídico sempre levaram ao fracasso desses justiceiros.
No caso específico do Brasil, sobre o cadáver político de um simples operário, contra o qual pesam incontáveis e gravíssimas denúncias, se agigantou a figura quase mítica de um juiz, cujo trabalho fez morrer um líder e nascer um justiceiro.
Porém, o tempo, implacável como sempre, interesses desconhecidos e novas verdades estão convertendo o justiceiro em uma espécie de Judas. O novo Messias, restaurador de primitivas e sepultadas ideologias, com seu ar feudalista e equivocadas verdades segue destruindo a esperança de muitos daqueles que julgavam ter chegado o tempo sociopolítico prometido em jornadas memoráveis.
Atravessamos o tempo da malícia costumeira do cenário político e da boa-fé imatura de uma sociedade cansada de ser defraudada. Vivemos em um período de atrofia da verdadeira democracia, que não se caracteriza puramente pela existência de um Poder Legislativo atuante, um Poder Judiciário atento e um Executivo que nos conduza, mesmo que um tanto desnorteado.
Essa atrofia costuma se materializar quando governo e oposição se deterioram. (Foto: Pixabay)
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná