Dias piores virão
"O bicho é nervoso", desabafou Plínio Destro ao amigo Valdinei Bobato assim que apresentou os primeiros sintomas graves do coronavírus, que dias mais tarde o levaria a se internar em São Paulo e de lá retornar em um caixão lacrado, para tristeza dos familiares e dos muitos cascavelenses que o admiravam pelo fato de figurar na seleta lista dos que passaram pela vida pública sem as máculas habituais da grande maioria dos políticos de hoje em dia.
Plínio parecia adivinhar que entraria para a estatística mais cruel da pandemia, que já matou quase 250 cascavelenses, praticamente 8 mil paranaenses, mais de 196 mil brasileiros e quase 2 milhões no mundo, mas ainda assim continua sendo desdenhada por uma faixa expressiva da população, que tem ignorado as recomendações médicas e científicas e lotado bares, praias e outros locais públicos conforme se viu no feriadão do último fim de semana.
Diariamente as redes sociais têm servido como depósito de informações distorcidas, que subestimam o perigo e incentivam a rebeldia sem causa principalmente dos jovens, que, por serem menos suscetíveis aos quadros graves da Covid-19, não levam em conta o risco de, no retorno para casa após cada festividade, levarem o vírus mortal para os familiares mais velhos.
Por conta dessa conduta insana, vale reproduzir aqui alguns números do Portal da Transparência dos Cartórios de Registro Civil do Paraná. Ao longo de 2020 faleceram das mais diferentes causas no Estado 77.036 pessoas, 7,6% a mais que as 71.586 que faleceram em 2019. A mesma fonte - talvez a única inteiramente confiável, diga-se de passagem - aponta que mais de 10% dessas mortes foram provocadas justamente pela Covid-19, que ceifou a vida de 7.912 paranaenses ao longo do ano passado e ficou atrás apenas dos diferentes tipos de câncer.
Do mesmo portal extrai-se a informação de que dezembro registrou números recordes de novos casos e óbitos da Covid-19 no Paraná, confirmando assim os prognósticos de que a pandemia entraria em uma nova e mais violenta fase. E não precisa ser um expert no assunto para prever que esse cenário deve se agravar ainda mais nas próximas semanas por conta das aglomerações insanas registradas nas festividades da passagem de ano. E quando (e se) isso se confirmar, que não venham reclamar! (Imagem: Pixabay)