Sete pecados do poder governante II
J. J. Duran
Um dos pecados cometidos pelo poder governante é demonizar a vacina contra a Covid-19.
Neste momento difícil, em que há carência de definição da área científica sobre a pandemia, temos que desconfiar dos governantes dogmáticos.
A sociedade não pode avançar dentro de um cenário em que a grande maioria parece estar de olhos vendados.
Jair Bolsonaro criou uma enorme confusão ao tratar a pandemia como uma gripezinha qualquer em suas manifestações públicas.
Toda personalidade impulsiva e autoritária se autoincapacita para a mudança. Nosso presidente fechou seu circuito mental em tudo o que está relacionado à pandemia e à vacina e politizou um tema de extrema e vital importância para a sociedade.
Ao operar politicamente sobre o tema, movido pelo seu comportamento no trato de inimigos que ele próprio criou, o faz para desviar a atenção sobre sua incapacidade para compreender a pandemia.
O momento difícil pelo qual atravessa a sociedade universal leva os governantes autoritários a reafirmar sua autoridade sem contraste, a ponto de confundir-se com a própria contribuição.
Os governantes incapazes de equilibrar os processos políticos habituais da democracia, os líderes que desprezam os alertas da ciência só para demonstrar seu poder, vão ficar registrados na História como mostras da incapacidade e da estupidez.
Governantes com forte tendência centralizadora e escassa visão da situação de seu país podem comprometer e colocar em risco os seus concidadãos.
Esse quadro cristaliza o momento decadente que vive a República com sua incapacidade de criar novos e importantes valores governantes.
Cada eleição soa como assustadora trovoada que alarma os mais atentos, traumatiza os mais previdentes e promove em cascata o convencimento frustrante sobre o futuro.
É dever de todo governante agir sem fundamentalismos, sem declarações absurdas e com o olhar voltado para a recuperação da normalidade perdida para levar à população simplesmente a verdade. (Imagem: Reprodução Pixabay)
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná