O povo que se exploda!
O humorismo brasileiro nunca mais foi o mesmo desde a partida de Chico Anysio. Este cearense genial foi-se embora do mundo dos terráqueos há pouco mais de oito anos e nos deixou de herança inacreditáveis 209 personagens que até hoje são referência para fás e outros comediantes. E dentre tantos hilários personagens, seguramente um dos mais emblemáticos é o do deputado Justo Veríssimo, que manifestava sem qualquer pudor o seu horror a pobre e, sempre que cobrado, repetia a frase "o povo que se exploda!"
Pois essa lembrança vira e mexe volta à mente dos brasileiros de bem, só que não em forma de humor, mas como retrato pronto e acabado de uma realidade perversa. "O povo que se exploda!" se encaixa com perfeição ao que aconteceu nesta sexta-feira (18) na BR-277, onde as tarifas do pedágio no trecho Foz do Iguaçu-Guarapuava amanheceram 30% mais caras sem que sequer uma tinta guache adicional tivesse sido passada para maquiar a pista a título de compensação aos usuários.
Trata-se da reposição de um"desconto"de igual percentual aplicado há mais de um ano (em1º de outubro de 2019) por força do acordo de leniência pelo qual a concessionária do trecho reconheceu que lesou por longo período os usuários ao obter modificações contratuais por meio do pagamento de propina a autoridades.
Isso nos leva a refrescar a memória dos paranaenses para um balanço apresentado recentemente pelo deputado Homero Marchese e segundo o qual as concessionárias que administram as rodovias pedagiadas do Paraná ainda precisam entregar um total de 119 quilômetros de obras atrasadas até novembro do ano que vem, quando se encerra o atual contrato de concessão.
O pedágio, como se diz, é uma espécie de mal necessário para se ter boas estradas, mas daí a cobrar tarifas escorchantes e entregar quase nada em troca existe uma diferença quilométrica.