Coopavel Ano 47: Brasil afunda, mas Coopavel ultrapassa limites
Para tristeza geral, o Brasil afundou em 2016 por erros da"nova matriz econômica"da presidente Dilma Rousseff que se somaram à atitude negacionista de diminuir o impacto da crise mundial a qualificando de "marolinha", na ótica do ex-presidente Lula da Silva.
A crise mundial combinada com a crise interna encontrou a Coopavel, como sempre, remando contra a maré. Como nos tempos em que o cooperativismo era atacado e incompreendido, na década de 1960, a Coopavel resistiu e virou o ano mostrando que não se rendeu ao tsunami de 2016, rompendo a marca de dois bilhões de reais no faturamento do ano.
O resultado final de R$ 2,12 bilhões levou a um lucro de R$ 53,8 milhões, o maior da história de sucessos da cooperativa. Arriscada a morrer em 1985 junto com a ditadura que combateu, também na época resistiu e encontrou no trabalho da gente do campo e no apoio da cidade a força necessária para sobreviver e se afirmar.
O ano também começou com o prefeito e líder ruralista Edgar Bueno entregando a Prefeitura de Cascavel ao novo prefeito eleito, Leonaldo Paranhos. A imagem de Paranhos - empresário do ramo publicitário - era urbana, mas em suas origens, no Norte do Paraná, ele havia sido boia-fria e catador de algodão.
Eleito pelo voto majoritariamente urbano, Paranhos contemplou o interior de imediato, chamando para a Secretaria da Agricultura um técnico já provado na função pública: o engenheiro agrônomo Agassiz Linhares Neto.
Ao assumir novamente a função de secretário municipal para o setor rural, no início de 2017, Agassiz Linhares Neto apresentou uma proposta objetiva: dar início a um programa de pavimentação das estradas.
A política para o setor nos vinte anos anteriores, segundo Linhares, "era basicamente patrolar, fazer manutenção e alguns locais readequar". No entanto, houve perdas mesmo em muitos pontos nos quais houve readequação.
Linhares não escondeu, porém, com base em sua experiência na área pública, que demandaria outros quinze a vinte anos para concluir a pavimentação de dois mil quilômetros de vias com pedra irregular, revestimento de solo cimento ou com asfalto.
"Queremos aumentar e continuar os projetos de fomento. (...) fomentar as agroindústrias de peixe, bolachas e farinhas e lácteos. Uma das coisas que o município de Cascavel não tem grande renda é suinocultura e piscicultura. Os frigoríficos que tem aqui buscam fora. Queremos que isso seja produzido aqui. Precisamos pensar o seguinte: na soja, em um hectare, com a produção de 60 sacas e a venda a R$ 70, temos um faturamento de R$ 4.200. Um hectare de peixe dá R$ 17 mil. Um de suíno dá R$ 14 mil".
Isso explicava porque o VBP (Valor Bruto de Produção) de Toledo e Cafelândia era maior que o de Cascavel. Com a Prefeitura ajudando na construção de açudes, pocilgas, na assistência técnica juntamente com a Emater e as integradoras, o produtor terá mais rendimento, segundo o secretário Linhares.
- O produtor precisa partir para isso. Valor agregado. São ações simples. O produtor é inteligente e sabe fazer conta. O que precisamos é mostrar isso a eles. Não precisamos trazer novos programas ou dar novos nomes a programas velhos. O que nós queremos é trazer soluções às necessidade do produtor rural de Cascavel (revista SindiRural, 62).
Com visão semelhante, a Coopavel programou um investimento de cerca de R$ 70 milhões para ampliar a integração de suínos, construindo uma nova Unidade Produtora de Leitões com capacidade para 6,3 mil fêmeas que em breve poderia chegar a 12,6 mil.
É sob esse clima de reação à crise e de um novo prefeito com uma equipe experiente em pontos-chaves que a Coopavel promove de 6 a 10 de fevereiro"o maior evento da América Latina, o segundo maior evento das Américas e o terceiro maior evento mundial, com o objetivo de mostrar as melhores tecnologias para o agronegócio brasileiro e alcançar a maior eficiência?, nas palavras do diretor-presidente da cooperativa Dilvo Grolli.
A 29ª edição do Show Rural contou com 520 expositores, cujos estandes e experimentos foram observados por mais um público recorde de 253.068 mil visitantes. Com a vontade vibrante de superar os problemas na época, o lema do evento foi: "A mudança do amanhã é o resultado da atitude de hoje".
A pecuária se destacou nessa temporada. Um investimento de R$ 5 milhões para a construção de seis barracões para a exposição do gado de leite e de corte foi correspondido pelos produtores com a presença das quinze raças das principais associações brasileiras dos criadores, que participaram promovendo a exibição de touros das melhores cabanhas do Brasil e venda direta de reprodutores.
Para a Coopavel, "não diferente do setor agrícola, o objetivo é de sempre ampliar o conhecimento do pecuarista, para que ele possa obter uma produção maior, com leite e carne de qualidade, trazendo para discussão a qualidade da pastagem, da alimentação e de outras tecnologias do setor".
O foco na pecuária foi reforçado com a participação do Programa Oeste em Desenvolvimento (POD), que em parceria com a Itaipu Binacional, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e Fundação Parque Tecnológico Itaipu (Fundação PTI) promoveu uma série de palestras voltadas ao desenvolvimento pecuário da região, no Salão Tecnológico Pecuário.
Apresentando os resultados de 2016 em assembleia geral realizada no início de 2017, Dilvo Grolli anunciava a Coopavel "em um novo momento". A empresa estava preparada para mais desafios,"é ousada nos negócios, mas acima de tudo respeita seus associados e seus colaboradores".
- E é com essa conduta que a cooperativa tem conquistado, mesmo com cenário econômico desfavorável, grandes números no seu faturamento, nos seus investimentos e agora com o número expressivo no recebimento da safra 2016/2017. Tenho a convicção que o oxigênio dessas grandes conquistas é o engajamento e o profissionalismo dos colaboradores da Coopavel, que lutam com a cooperativa por dias melhores, pela superação dos desafios que surgem todos os dias.
- Preparar a Coopavel para continuar construindo equipes multifuncionais com diversos talentos e com comprometimento dos profissionais é a forma que a cooperativa encontrou para seguir superando seus limites, vivendo todos os dias um grande momento.
Um dos desafios era encetar uma luta gigantesca por infraestrutura, mesmo com o país travado pela paralisia. A proposta era um novo traçado ferroviário a partir de Guarapuava, cerca de 700 quilômetros de trilhos a ser conquistados via concessão, investimento então calculado em 4 bilhões de dólares.
Uma estrutura viável para garantir o transporte de pelo menos 10 milhões de toneladas começaria a partir de um potencial superior a 4 milhões de toneladas.
"Agregando aí parte da produção do Paraguai e do Mato Grosso do Sul podemos passar de 15 milhões de toneladas. Entramos com o compromisso de garantir a carga. As cooperativas e outras empresas do agronegócio, incluindo as multinacionais que operam em nossa área de abrangência, podem garantir vagões cheios"(Revista Pitoco, 21/7/2017).
Com esse megaprojeto, Cascavel será um excepcional entroncamento ferroviário e a região entrará na rota da eficiência logística. "Se não trouxermos a sociedade para essa causa, chegaremos a 2030 perdendo R$ 600 milhões/ano. Não se pode desenvolver nossa região sem uma solução ferroviária".
Também disposto a enfrentar novos desafios, em 2017 o Sindicato Rural Patronal de Cascavel completou 50 anos de existência, contando suas origens e trajetória por meio do livro Uma História de Paz, Produção e Progresso, editado pelo Projeto Livrai-Nos!, base para esta resenha do Jubileu de Ouro da Coopavel. (Leia amanhã: Fim de era e Jubileu de Pérola)
Fonte: Projeto Livrai-Nos!