Coopavel Anos 49 e 50: um pé no Atlântico, outro no Pacífico
O presidente Jair Bolsonaro se elegeu no pleito de 2018 propondo criar uma "nova política". Seu superministro da Economia, Paulo Guedes, o "Posto Ipiranga", assegurou que em um ano iria zerar o déficit público, arrecadar R$ 2 trilhões com privatizações e venda de imóveis da União e promover uma ampla agenda de reformas estruturais.
A Coopavel se preparou para agir em uma nova era, na qual se esperava que a estratégia de alavancar a infraestrutura seria a política mais bem definida de governo, pela qualidade dos ministros técnicos escolhidos.
O presidente da cooperativa, Dilvo Grolli, vinha avisando que a Coopavel está preparada para novos desafios e abriu uma justa ofensiva contra a crueldade do pesado custo dos pedágios nas rodovias:
"A perspectiva de retomada do crescimento da economia brasileira passa inevitavelmente por melhorias na infraestrutura. O que aconteceu com o pedágio no Paraná, onde o custo causou um desastre na economia, não pode ser repetido nas ferrovias do Estado. O melhor caminho para o crescimento sustentável da economia do Paraná é uma ferrovia eficiente, que dê condições de competitividade, integrada a um novo programa de concessão ferroviária".
Solução ferroviária
Em concertação com o Governo do Estado, Grolli passou a pregar energicamente no Show Rural de 2019 a união da sociedade em torno de um projeto que daria conta de solucionar a contento o eterno gargalo da logística. Problema secular, desde 1870 o engenheiro André Rebouças recomendava que a melhor opção estava em ampliar a malha ferroviária.
A solução atualmente necessária, capaz de obter consenso na região e amplo apoio no Estado, seria a Ferrovia Bioceânica, por meio da qual o agronegócio paranaense teria um pé fincado na orla do Oceano Atlântico, em Paranaguá, e outro no Pacífico, em Antofagasta (Chile).
Dilvo Grolli sustentava que nos próximos anos o Brasil e o Paraná precisarão avançar na modernização e na eficiência da logística para não comprometer a competitividade do agronegócio.
A criação de um caminho ferroviário bioceânico, projeto defendido pelo Governo do Paraná, reduzirá em oito mil quilômetros a distância de grãos, commodities e outros produtos estaduais até os mercados da Ásia.
Economia notável
Provas dessa necessidade não faltam. Os produtores rurais do Paraná e do Brasil são onerados entre 30% e 50% no valor do transporte de grãos, carnes e fertilizantes justamente pela falta de investimentos em ferrovias para atender à demanda, segundo Dilvo Grolli:
"Por isso, o Projeto Ferroviário Bioceânico, sem dúvida, será a obra do século para o agronegócio para atender ao grande mercado da Ásia, para onde é escoada a maior parte das exportações de soja e carne do Brasil, Argentina, Paraguai e de frutas e peixes do Chile, com o preço de frete justo e fortalecendo a competitividade".
"O Oeste do Paraná exporta cinco milhões de toneladas de soja via Porto de Paranaguá. O custo do frete rodoviário, por tonelada, é de R$ 150. Com uma ferrovia bem estruturada, a redução de custos seria de R$ 60 por tonelada, significando R$ 300 milhões anualmente injetados na economia regional, gerando empregos, oportunidades e mais qualidade de vida".
Grolli compreende que essa ação ousada deveria se somar"à continuidade e à ampliação da abertura da economia para o comércio global, recentemente ampliada com acordo do Mercosul com a União Europeia".
Ruídos na governabilidade
O entusiasmo com uma nova era, porém, logo arrefeceu pela dificuldade do governo de desligar a área técnica, pragmática e objetiva, da ala "ideológica", cujo viés partidário atrapalha as políticas de Estado.
Por conta disso, o Brasil enfrenta dificuldades para conseguir apoio em diversos países europeus para a ratificação do acordo com a União Europeia.
Dois ruídos principais interferiram nessa expectativa já em 2019. Primeiro, a incapacidade do governo de propor um programa para a nação capaz de contemplar as necessidades urgentes e garantir consenso na sociedade.
Segundo, a tentativa de governar com um ministério politicamente inábil, sem entender que o Congresso é um espaço de negociação e o Judiciário derruba as ações de governo que não passem pelo crivo congressual. A única macrorreforma que passou - da Previdência - foi negociada internamente no Congresso.
Sempre mais novidades
O Show Rural de 2019 apresentou um movimento recorde de R$ 2,2 bilhões em negócios. Nos cinco dias do evento, de 4 a 8 de fevereiro, 520 expositores receberam a visita de 288.802 pessoas.
Uma das ótimas novidades foi o Show Rural Digital - um espaço com cerca de 2.800 m², no coração do Show Rural Coopavel, com estandes, área de hackathon (maratona de atividades digitais), vila de startups, lounges e carreta de negócios para que as pessoas e empresas mais inovadoras do agronegócio troquem experiências, networking e fechem negócios, com o objetivo de criar novas ideias para a agropecuária do amanhã.
Na 32ª edição do Show Rural, de 3 a 7 de fevereiro de 2020, a atividade digital se repetiu, com quase 300 mil visitantes e R$ 2,5 bilhões em movimentação financeira.
Outra novidade foi a inauguração da Casa Paraná Cooperativo, em um local estratégico, com dois mil metros quadrados distribuídos em dois pavimentos, tendo no primeiro 14 estandes com produtos e serviços de 42 cooperativas e um do Sistema Ocepar.
A trava da pandemia
Logo após o Show Rural Coopavel de 2020 o impacto da pandemia chegou para travar a economia já debilitada, mas o sistema cooperativista mantinha a confiança em que esse pesadelo e os imbróglios governamentais logo iriam passar.
"A cooperação econômica, social entre as cooperativas e a sociedade se tornou símbolo de proteção, de estratégica e de crescimento", afirmou Dilvo Grolli. "Para se ter uma ideia, na avicultura as cooperativas do Oeste abatem mais de 1,6 milhões de frangos ao dia e em 2022 passarão para mais de 3 milhões de frangos ao dia. Recebem anualmente 8 milhões de toneladas de grãos, o equivalente a 4% da produção brasileira e industrializam 6 milhões de toneladas"(Revista Coopavel 417).
São tempos difíceis, mas a Coopavel ao completar seu Jubileu de Ouro neste dia 15 de dezembro de 2020 sonha com mais desenvolvimento, a superação dos problemas que persistem e também obter na sociedade em geral uma compreensão mais completa e estreita interação com a cooperativa, proposta por seu presidente.
"O cooperativismo é um sistema justo e equilibrado, mas precisa de um entendimento maior com a sociedade, pois uma grande parcela da população não tem a percepção da abrangência e o alcance das oportunidades do sistema", afirma Dilvo Grolli. "A razão da existência da Coopavel, desde o princípio, é a de proteção da sociedade".
Fonte: Projeto Livrai-Nos!