O ano de 2016 começou cheio de preocupações. A meteorologia acenava com os rigores do fenômeno El Niño, que trazia muita chuva boa mas também riscos de pragas e doenças. O uso intensivo de fungicidas para o controle da ferrugem asiática causou a perda de eficiência dos produtos, aumentando a resistência do fungo e obrigando a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) a proibir o plantio da soja safrinha.

Os temores não paravam aí. Havia o risco de que a Soja Louca (doença causada pelo nematoide Aphelenchoides sp) chegasse ao Paraná. A revelação de grandes quantidades de manganês nas terras oestinas desafiava os pesquisadores, que precisavam prevenir qualquer eventual alteração na fertilidade do solo.

De imediato, mais ameaçadora era a situação econômica do país, que se deteriorava, paralisando investimentos com a suspensão de projetos por muitas empresas.

No Paraná, os ruralistas comemoravam o Programa de Regularização Ambiental, lei estadual aprovada sob sua influência, para resolver problemas no âmbito do novo Código Florestal.

Foco na pecuária

De suma importância foi o promissor programa Pecuária Moderna, criado pela Faep em parcerias.

À espera do Show Rural Coopavel, os ruralistas do Oeste preparavam o II Show Pecuário, com a participação dos núcleos de criadores de várias raças de bovinos de corte e de leite, além de ovinos e equinos.

A expectativa era a promoção de um evento abrangente ao máximo, capaz de abarcar toda a cadeia de negócios que envolvem a pecuária, desde os criadores e seus ambientes até a tecnologia mais atual, novidades positivas em fatores de alimentação e acesso dos compradores aos melhores animais.

Ex-presidente da Coopavel e ex-prefeito, Salazar Barreiros sugeriu manter o melhor praticado na primeira edição, enfatizando a importância da variedade de assuntos das palestras, pautadas com temas vitais para o setor.

Por seu teor informativo e educativo, as palestras sempre foram um dos focos principais da promoção, mesclando técnica, modernização e qualidade.

Aproveitar a próxima realização do Show Rural para divulgar a segunda edição do Show Pecuário foi decidido como tática para motivar o interesse do vasto público presente ao evento da Coopavel.

Mudar o que não deu certo

Com 480 expositores, ausentes cinco grandes marcas de máquinas agrícolas (John Deere, Massey Ferguson, New Holland, Case IH e Valtra) devido a desentendimento em torno do calendário, o Show Rural de 2016, de 1º a 5 de fevereiro, recebeu 235.465 visitantes e veio a caráter para motivar o interesse pelo avanço da pecuária.

"A principal novidade da feira foi a exposição de animais de diversas associações de criadores, como a da raça braford, brangus, angus, purunã, nelore, tabapuã, brahman, simental, pardo-suíço, sindi, holandesa e jersey. Além das associações, em um espaço de 600 metros quadrados foi instalado um Salão Tecnológico, onde os pecuaristas puderam acompanhar todos os processos que envolvem a criação de gado de corte e leite"  (revista SindiRural, 56).

Em abril, o advogado Adani Primo Triches era eleito para a presidência da Sociedade Rural do Oeste do Paraná, entidade promotora do Show Pecuário em parceria com o Sindicato Rural. O SR, com Paulo Orso e seus diretores, pregava a paz no campo e a unidade de propósitos dos vários segmentos do agronegócio, do pequeno ao grande produtor.

"Nós temos uma certeza", disse Triches ao assumir. "Na linha em que a Sociedade Rural andou até hoje não deu certo. Nós vamos tentar mudar isso". A realização da segunda edição do Show Pecuário, entre os dias 26 e 29 de julho, no Parque de Exposições Celso Garcia Cid, selou essa disposição, unindo o máximo possível de criadores, com cerca de 250 animais de diversas raças bovinas, além de uma centena de ovinos e 80 equinos, no total de 430 animais.

Era uma necessidade

"O Show Pecuário é uma oportunidade para que produtores rurais, indústria, comércio e prestadores de serviços ligados ao setor pecuário, estudantes, agrônomos, médicos veterinários, zootecnistas e outros interessados tenham acesso à tecnologia do segmento, informação e conhecimento dos especialistas da área e das maiores empresas do ramo pecuário"  (58).

Além de leilões e julgamentos de bovinos, equinos e ovinos, o evento consistiu em rodadas de negócios permanentes e palestras, com a presença de expositores de vários segmentos ligados ao agronegócio.

Para o presidente do Sindicato Rural, Paulo Roberto Orso, "o Paraná precisava de um evento técnico e profissional focado em incrementar o setor".

"O setor pecuário se aquece entre os meses de julho e outubro e sentíamos a necessidade de organizar um evento para fomentar o segmento. A pecuária paranaense apresenta um grande potencial enorme de crescimento e para isso carece de conhecimento, investimento e acesso a novas tecnologias e técnicas de manejo, como a Integração Lavoura-Pecuária, que está se tornando uma excelente opção para a rentabilidade das propriedades rurais, por exemplo".

Futuro incerto

Os ganhos trazidos pela informação e o conhecimento se traduzem em melhoria da qualidade da carne produzida e o aumento da produtividade junto com a diminuição do período de engorda dos animais. Fortalecido, o Núcleo de Criadores do Oeste do Paraná também se destacou não organização do Show Pecuário.

Em Cascavel tudo parecia ir de vento em popa, mas as deficiências estruturais existentes no Paraná e no Brasil, principalmente pela alta demanda por investimentos em portos, ferrovias, rodovias, estradas rurais, entre outras, no quadro de carências infraestruturais, somavam-se às incertezas, erros governamentais e fake news disseminadas para desunir a população.

Para irritar ainda mais a população e os produtores, os custos exorbitantes do pedágio reduziam a competitividade. A inflação ameaçando e o PIB em queda faziam declinar o apoio ao governo a expectativa para 2017 não era animadora.

A crise iria piorar muito, mas o ruralismo cascavelense havia atravessado as piores tempestades, voltou a ficar unido e pronto para resistir a mais um ano turbulento. (Leia amanhã: O Brasil afunda, mas a Coopavel ultrapassa limites)

Fonte: Projeto Livrai-Nos!