Sete pecados do poder governante
J. J. Duran
O primeiro pecado foi judicializar a política e politizar a Justiça. O segundo foi demonizar a vacina contra a Covid-19. O terceiro foi fazer da Bíblia Vade-mécum político. O quarto foi transformar o poder numa sátira. O quinto foi padronizar a mentira. O sexto foi fomentar o autoritarismo ideológico. E o sétimo e não menos pecaminoso foi atrofiar a democracia.
No intento de monopolizar o poder se faz uma operação oculta para demolir as consciências adversárias a essa proposta descabida em tempos democráticos. Ao judicializar a política e politicar a Justiça, se introduziu no cenário republicado o estado geral de desconcerto tanto na sociedade quanto nos recintos políticos.
Victor Franke descreveu a personalidade dos atores interessados em lograr a mimetização do poder governante como a proposta de uma mentalidade fanática, autoritária, depreciativa e que procura fazer prevalecer o seu pensamento, ainda que eivado de irracionalidade.
Dessa reformulação dos conceitos se beneficiou a figura de um juiz inteligente, com fama de moral intocável e principal líder da Lava Jato, túmulo de muitas biografias falaciosas.
Essa fulgurante figura se fortaleceu com a visão que o povo tem da realidade dos fatos contada pela grande mídia, cujo controle por uma classe ideologicamente homogênea ajudou, e muito, a desenhar a figura do justiceiro símbolo do novo poder governante.
Por desconhecimento dos verdadeiros movimentos que se são feitos dentro do círculo vermelho do poder, a sociedade viu esse intocável cair do pedestal e ser transformado em um novo Judas.
Quando se escreve a história verdadeira, se tem a resposta dos fatos que levaram, como fruto da judicialização da política e da politização dos homens de toga, à canonização e posterior excomunhão do justiceiro mentor da internacional Operação Lava Jato.
Fruto desse roteiro todo, o ex-justiceiro intocável hoje faz parte do staff de CEOs de uma das maiores empresas que, de acordo com a investigação comandada por ele, foi o ventre onde se gestou a maior trama delitiva que se tem conhecimento na história indo-americana. É como diz o ditado: "Nem tudo que reluz é ouro". (Foto: Pixabay)
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná