Coopavel Ano 42: de julho a fevereiro e daí ao ano inteiro
Às vésperas da 24ª edição do Show Rural Coopavel, em 2 de fevereiro de 2012, o Fórum Permanente Futuro 10, que reúne 16 entidades, defendeu a construção de ramais ferroviários ligando Cascavel (Ferroeste) até Maracaju no Mato Grosso do Sul e também Guarapuava (Ferroeste) ao Porto de Paranaguá.
Era mais uma tentativa de reforçar uma proposta do segmento rural que vinha desde a década de 1970.
Também dias antes do evento, o governo do Paraná anunciou que em 2012 apresentaria uma participação mais efetiva na mostra, prevista para os dias 6 a 10 de fevereiro.
Desta vez não se tratava de mera promessa de ano eleitoral: o secretário estadual da Agricultura, Norberto Ortigara, já estava de posse das informações de que as agências do Estado (Emater-PR, Iapar, Ceasa, Codapar e Claspar) fariam bonito nesta edição.
De semanal a anual
Mais um invariável sucesso, com 400 expositores e um público recorde de 197.906 visitantes, só de Guarapuava partiram seis ônibus de agropecuaristas ávidos para conhecer as novidades do SRC.
O Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) atraiu de imediato o centro das atenções, apresentando várias sugestões para diversificação de atividades no campo: avicultura familiar e comercial, fruticultura, hortaliças em estufa hidropônica, apicultura, bicho de seda, ervas medicinais e indústria caseira.
Também apresentou um modelo de produção ecologicamente correto, desenvolvido na estação da agroecologia.
Em parceria com a Coopavel, o Iapar passou a dispor de área para pesquisa permanente sobre integração lavoura-pecuária. Neste espaço, o visitante pôde ver a atividade que permite produzir carne e leite em solos que normalmente ficam ociosos no inverno.
O Show Rural definitivamente passou a se estender para além do período oficial da mostra e dos dias de visitação, funcionando o ano todo. A edição de 2012, por exemplo, começou a ser preparada em julho.
No dia a dia, cerca de 40 funcionários da cooperativa trabalham no local, ininterruptamente. Há necessidade permanente de limpeza das áreas reservadas para os experimentos e corte da grama, que cobre 34 hectares.
Consultas, apoio, cursos e serviços
A Embrapa, sempre trazendo novidades, desta vez seu ramo de Informática Agropecuária participou apresentando tecnologias disponíveis na internet, para acesso gratuito: Agência de Informação Embrapa; Infoteca - Informação Tecnológica em Agricultura; Sistema de Monitoramento Agrometeorológico - Agritempo; o Sisla - Sistema Interativo de Suporte ao Licenciamento Ambiental; e o Invernada - um software para apoiar o planejamento da produção de bovinos de corte.
A Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar- PR) mantiveram um estande exclusivo de 240 metros quadrados no Show Rural para mostrar os principais serviços oferecidos aos produtores e apresentar como atuam na defesa, qualificação e no desenvolvimento do homem do campo.
Entre as atrações, o visitante pôde conhecer e testar os equipamentos eletrônicos que permitem a prática da agricultura de precisão. Em parceria com o Senar Nacional e a empresa Stara, o Senar- PR disponibilizou no evento duas cabines desses equipamentos.
Os produtores puderam operar e simular a utilização do sistema computadorizado, que faz o levantamento de dados do solo e clima e favorece que o produtor dose a aplicação de insumos em microáreas da propriedade.
Cascavel 2030
Em junho, a Coopavel participou ao lado de representantes dos diversos ramos industriais presentes no Oeste paranaense, do 1.º Painel Estratégico do Projeto Cascavel 2030, organizado pela Federação das Indústria do Estado do Paraná (Fiep).
No painel, dentre outros destaques, o Projeto Cascavel 2030 previu a necessidade de estímulo à geração distribuída de energia (GDE), ou seja, a produção descentralizada de energia, tanto em locais próximos como no próprio local em que será consumida.
"Tendo-se em vista o volume da produção agropecuária de Cascavel e a enorme quantidade de resíduos produzidos em decorrência destas atividades, a geração de energia a partir da biomassa surge como uma grande oportunidade" (Cidades Inovadoras - Cascavel 2030, Fiep).
A Fiep sugeria campanhas de esclarecimento e informação sobre os benefícios da autoprodução de energia e criação incentivo para que os produtores rurais passem a aproveitar os resíduos de biomassa para produzir energia: "Todo investimento realizado para a produção de energia a partir dos resíduos poderá ser recuperado, em longo prazo, pela eliminação dos gastos com a 'conta de luz', bem como pelas receitas advindas da venda do excedente de energia para a concessionária local".
A vez do trigo
O ano foi de preocupação para os triticultores, em meio aos preparativos da Coopavel para iniciar sua sétima cadeia de agregação de valores.
"Multinacionais dão um agrado muito bom ao produtor na compra da soja. Quando interessa comprar milho, entram no mercado. Mas não têm interesse no trigo paranaense. A estratégia delas é importar. O cereal é rejeitado por multinacionais e grandes moinhos brasileiros. Sem as cooperativas, os produtores rurais não teriam balança e nem armazém para pesar e entregar a sua produção. (...) Por isso a Coopavel está montando uma unidade para processar 400 toneladas do cereal por dia. Pela responsabilidade de um socorro ainda mais eficiente aos triticultores" (Dilvo Grolli, revista SindiRural, 20).
Também tempo de severa estiagem no Oeste do Paraná, 23 municípios decretaram situação de emergência. Os prejuízos na região, conforme levantamento realizado pela Amop, chegavam a R$ 1 bilhão. (Leia amanhã: Fartura, gargalos e primeira visita presidencial)
Fonte: Projeto Livrai-Nos!