J. J. Duran

Marcado por uma figura autoritária inclinada a manter uma política de confronto em sua gestão, o sistema presidencialista brasileiro precisa passar por uma urgente revisão.

O pluralismo político-partidário existente na atualidade respalda a necessidade de se olhar com prudência e imparcialidade o sistema e, a partir disso, desenvolver estudos inteligentes e desprovidos de intenção partidária ou ideológica.

A compreensão do momento revela que a estabilidade e a firmeza das instituições republicadas permitem pensar em fazer, via Parlamento, uma mudança na moldura do sistema presidencialista.

Em tempos de democracia, o Parlamento se converte no instrumento sociopolítico mais hábil para concretizar as reformas institucionais, econômicas e sociais requeridas pela sociedade.

Postergar essas medidas e imputar a culpa por isso unicamente ao corpo parlamentar é cometer grave e injusta acusação ao sodalício onde se debate os muitos e graves problemas que acumulam incertezas sobre o futuro político do País.

E as dificuldades do momento, é bom que se diga, não resultam só da dimensão dos problemas, mas também da diminuição da capacidade que temos, como sociedade, de enfrentá-los.

A irrupção de uma nova forma de gestão desde o poder central, que falha ao defender caducas ideologias extremistas, abriu incerto cenário republicano para o próximo pleito eleitoral.

Falta-nos plenário para debater e alinhar um projeto nacional no qual o sentido de esforço coletivo facilite o surgimento de uma gestão restauradora das finanças e das relações interinstitucionais com limites e objetivos definidos e claros.

Neste momento cruel que nos impõe a pandemia, precisamos de uma nova mentalidade para revisar toda a problemática que deixaremos como herança às futuras gerações.

O insigne Rui Barbosa, vulto luminar da cultura política brasileira, deixou escrito nas páginas da História um magistral pensamento ao confrontar o autoritarismo: "Mais faz a doçura que a violência vinda desde o poder ocasional".

J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná