Coopavel Ano 39: minimilho e leite farto
Em sua 21ª edição, de 9 a 13 de fevereiro, o Show Rural Coopavel de 2009 foi prestigiado por um público de 193.908 visitantes, recebidos por 325 expositores em 16 mil vagas gratuitas de estacionamento e oito praças de descanso.
A Embrapa Milho e Sorgo de Sete Lagoas (MG) voltou a ser um dos destaques da ampla mostra, apresentando na Casa Embrapa, local que reúne tecnologias das unidades da empresa no Show Rural, de maquetes sobre o sistema de integração lavoura-pecuária, novas cultivares de milho e sorgo e o sistema de produção de minimilho.
A exibição do processo de cultivo e processamento do minimilho veio acompanhada por um curso ofertado na Casa Embrapa sobre o assunto. O minimilho é a espiga jovem, colhida antes da polinização, ou seja, antes da formação dos grãos.
Colhida com 50 dias, a espiga jovem é a inflorescência feminina do milho e apresenta uma lucratividade até dez vezes maior que o milho convencional. Este rende 70 mil plantas por hectare enquanto o minimilho pode chegar a 200 mil plantas.
Frentes de diversificação
A diversificação do agronegócio e sua vanguarda no contexto estadual se expressavam, por exemplo, pela conquista do Oeste em se assegurar como o principal polo paranaense de tilapicultura comercial, desenvolvida principalmente nos municípios de Cascavel, Toledo, Maripá, Marechal Rondon, Assis Chateaubriand e Nova Aurora.
"A região detém também o maior número de plantas industriais. No Oeste, em 2009, a produção de tilápia alcançou 16.088 toneladas. O maior volume foi obtido na região de Toledo (12.732 toneladas), onde existem 1.700 piscicultores, com 1.500 hectares de lâmina d'água. Na de Cascavel, foram 3.356 toneladas, em 2.000 propriedades, com um total de 650 hectares de açudes" (Revista SindiRural, 25).
Dado impressionante, o fim da década consolidou o Oeste do Paraná como a maior bacia leiteira do Paraná. Os produtores da região contribuíram com cerca de 30% da produção total do Estado.
Em 2009, segundo o secretário municipal da Agricultura de Cascavel, João Cunha, Cascavel produzia 46 milhões de litros por ano. Pesou fortemente nesse desempenho o trabalho da maioria das 352 famílias que se estabeleceram na área de 6.609 hectares do Reassentamento São Francisco, que sobrevivem da produção leiteira.
Em 1° de maio de 2009, tentando seu próprio reassentamento, batizado com a data da ação, agricultores sem terra iniciaram na Fazenda Castelo (Complexo Cajati), no Distrito de Rio do Salto áreas de plantio, abriram uma escola e teceram rápidas relações comerciais com o entorno distrital.
Governo hiperotimista
Alguns dias depois da ocupação Primeiro de Maio, o presidente Lula da Silva anunciava"a liberação de R$ 2,3 bilhões para a implantação de uma nova ferrovia ligando Maracaju a Cascavel, no Paraná" (jornal Correio do Estado, de Campo Grande, Mato Grosso do Sul).
O ano eleitoral e aproximava e nessa ocasião, a "marolinha" que vinha do Norte ainda parecia pouca coisa para Lula e seu staff, menos para os avicultores, que já entraram em 2009 em crise, segundo o ex-deputado federal Alfredo Kaefer, para quem o tripé "câmbio-juros-impostos" castigou o segmento.
Por sua vez, animadas com as exortações positivas do governo, cooperativas, empresas privadas e exportadores de pequeno e médio porte anunciavam a retomada das exportações do Paraguai através do Porto de Paranaguá graças a um acordo firmado com a Ferroeste.
O "Projeto Cascavel", na prática, retoma as exportações do Paraguai por ferrovia no Brasil. Investidores paraguaios manifestam que querem construir um complexo graneleiro no Porto Seco existente no terminal da Ferroeste em Cascavel (Estrada de Ferro Paraná Oeste S.A. - Ferroeste, Linha do Tempo).
A conquista do novo Código Florestal
Por essa época, a prioridade dos ruralistas era oferecer propostas e aprová-las no novo Código Florestal Brasileiro. Depois de intensa mobilização, no curso de dois anos de debates, em março de 2009 foi organizado em Cascavel um encontro com a participação de mais de sete mil produtores da região no Centro de Convenções de Cascavel, com a presença de deputados, senadores e o então ministro Reinhold Stephanes (Agricultura). Em maio, uma caravana esteve em Brasília para acompanhar o sucesso da votação do novo CF.
Na Coopavel, a Unicoop foi um instrumento de afirmação do poder da mulher cascavelense. Focando ações para o público feminino, passou a proporcionar capacitações específicas ao público feminino, tanto para as associadas quanto para as esposas de sócios.
Até 2009, "os cursos ofertados especificamente às mulheres ficavam restritos a qualificações eminentemente femininas, como: artesanatos, técnicas de produção de doces caseiros, através do aproveitamento de matérias-primas existentes nas propriedades, cursos de culinária, entre outros"(Ivanete Daga Cielo, Keila Raquel Wenningkamp e Carla Maria Schmidt, A Participação Feminina no Agronegócio: O Caso da Coopavel). (Leia amanhã: Bolo dos 40 anos foi projetar o moinho de trigo)
Fonte: Projeto Livrai-Nos!