Rigor total com as pesquisas fake
Os erros grosseiros verificados sobretudo no segundo turno da eleição de prefeito por todo o País trouxeram de volta o debate de um tema que a cada pleito causa mais náuseas aos brasileiros. Munido até os dentes de números totalmente equivocados, o deputado paranaense Rubens Bueno defendeu que um projeto por ele apresentado ainda em 2012 finalmente seja transformado em lei para punir os abusos cometidos nas sondagens de intenção de voto.
A proposta, que já passou por todas as comissões da Câmara Federal, tem o objetivo de responsabilizar as empresas que cometerem erros grosseiros às vésperas de uma eleição e também dar um basta à promiscuidade entre candidatos e institutos de pesquisa. Pelo projeto, as empresas que divulgarem pesquisas com resultados completamente divergentes do verificado nas urnas (acima da margem de erro) devem pagar multa de até R$ 1 milhão - o valor atual é de 50 mil Ufirs.
O projeto também estabelece que "a existência de vínculo formal de partido político ou de coligação com a entidade ou a empresa responsável pela divulgação de pesquisa fraudulenta, no período de um ano antes da eleição, pode resultar na cassação do registro ou do diploma" do candidato beneficiário.
"Queremos impedir fraudes e erros crassos que influenciam diretamente o resultado das eleições. Com a multa pesada para os institutos e a possibilidade de cassação de candidatos, as empresas certamente terão mais cuidado na divulgação de pesquisas. Isso também visa impedir a proliferação das chamadas pesquisas compradas, que beneficiam o candidato que paga mais", diz Bueno.
Recife e Porto Alegre
Nas eleições do último domingo um dos principais exemplos de erro grosseiro foi a disputa pela Prefeitura do Recife. Datafolha e o Ibope apontaram empate na véspera, com 50% dos votos válidos tanto para João Campos (PSB) quanto para Marília Arraes (PT). Ao término da apuração, no entanto, Campos ficou mais de 12 pontos à frente de Marília: 56,27% x 43,73%.
Já em Porto Alegre, o Ibope da véspera do pleito dava 51% dos votos válidos para Manuela D'Ávila (PC do B) e 49% para Sebastião Melo (MDB). Na votação, no entanto, Melo ficou nove pontos à frente (54,63% x 45,37%).