Coopavel Ano 31: uma odisseia agropecuária
O 13º Show Rural Coopavel, mais um sucesso na escalada vitoriosa da cooperativa cascavelense, transcorreu de 12 a 16 de fevereiro com a participação de 180 empresas expositoras, já em clima de final do segundo triênio de Dilvo Grolli na presidência.
Na eleição da nova diretoria, em 7 de março, Grolli e Ibrahim Faiad foram reeleitos por aclamação para os cargos de presidente e de vice-presidente, respectivamente.
Nessa fase da Coopavel, refletindo uma preocupação geral da comunidade, o problema ambiental era um dos focos de atenção da Coopavel e da Prefeitura, que agora sob o comando do ruralista Edgar Bueno criou um programa intitulado Cidade das Águas, privilegiando a proteção e a qualidade dos recursos hídricos.
No entanto, em 11 de março de 2001 acontecia uma traumática tragédia ambiental: cerca de 8 mil litros de óleo diesel vazavam da distribuidora de combustível Ipiranga, armazenados no Auto Posto Pegoraro. Parte considerável do óleo alcançou rapidamente o leito do Rio Cascavel.
Resultado de intenso debate sobre como proteger as águas, em maio é criado o Conselho Municipal do Meio Ambiente e em dezembro o Município criou o Dia da Água, a ser comemorado em 22 de março, em consonância com deliberação da ONU.
A longa novela do aeroporto
Com o esforço de Roberto Wypych e seus companheiros de direção da Coopavel em seus primeiros anos, os ruralistas aprenderam que o atrelamento a esquemas políticos e ideológicos é desastroso. Desmobiliza ou anestesia a pressão necessária para a conquista de objetivos maiores.
Esta lição se perdeu no decorrer dos anos e depois da recuperação as lideranças ruralistas afrouxaram seu poder de reivindicação, apoiando projetos políticos que se revelaram contraditórios, insuficientes ou enganosos.
Foi o que aconteceu com a bandeira do Aeroporto Internacional de Cascavel, que se julgava conquistado em 1964 mas perdeu força com as necessidades imediatas de asfalto e ferrovia. Quando a estrada de ferro alcançou Cascavel, em agosto de 1995, recomeçou o movimento por um aeroporto à altura das necessidades do Médio-Oeste.
As ligações dos líderes locais com o governador Jaime Lerner, iniciadas desde que ele projetou a Cascavel que viria depois do boom agrícola, nos anos 1980, ampliaram-se a tal ponto que se acreditava em tudo que emanava do Palácio Iguaçu sob seu comando. As promessas, sempre renovadas, desmontaram a mobilização, contrariando o movimento que obteve a ferrovia sem nunca reduzir a intensidade de pressão e mantendo o espírito crítico necessário para evitar ilusões.
Em abril de 2001, os últimos sinais de pressão e mobilização pelo aeroporto se desvaneceram porque a Secretaria de Estado dos Transportes deu o aeroporto como fato consumado. Não teria mais o nome de Aeroporto Internacional. Seria, modestamente, apenas Regional, mas com uma pista com 2.500 metros de comprimento por 45 metros de largura e suporte para receber aeronaves de grande porte.
Com o projeto concluído e aprovado pelo 5º Comando Aéreo Regional, sediado em Canoas (RS), chegaram técnicos para conhecer a área reservada à construção, em Espigão Azul, nas proximidades do distrito toledano de São Luiz do Oeste.
Os processos de desapropriação foram anunciados como concluídos e a liberação dos recursos estaria para ser autorizada pela Procuradoria Geral do Estado, encarregada de iniciar as desapropriações judiciais.
O roteiro completo previa um convênio entre o Estado e o Comando da Aeronáutica para a União arcar com os custos de terraplanagem, pavimentação e drenagem da pista de pouso e decolagens, com valor estimado em R$ 18 milhões, a preços de janeiro de 2001.
O Estado, em contrapartida, daria o projeto e o licenciamento ambiental, desapropriações de áreas, construção de terminal de passageiros, construção de acessos rodoviários, além da implantação da infraestrutura básica (luz, água etc).
Tudo detalhado, anunciado em meio a muita propaganda e divulgação. Mas nada aconteceu porque os líderes regionais, crentes de que o aeroporto estava assegurado, concentravam as atenções nos problemas rodoviários.
Foco no rodoviário
A luta pela duplicação dos 45,6 km da BR-467, entre Toledo e Cascavel, era apontada como a urgência da hora. Um diagnóstico completo da atual situação da estrada, elaborado por representantes de entidades, órgãos públicos e clubes de serviços, com a participação do Crea/PR, veio a público em julho.
Nesse mesmo julho o problema rodoviário aumentou: a empresa Rodovia das Cataratas fechou estrada municipal de Cascavel ligando São João do Oeste à BR-277, provocando reação popular. Apoiados pelo prefeito Edgar Bueno, os agricultores da região reabriram o trecho.
Mais uma conquista dos ruralistas cascavelenses, em dezembro o Município de Cascavel criou o Programa da Bacia Leiteira, que previa a entrega de novilhas de raça a pequenos produtores com metade do valor paga com milho um ano após o nascimento da primeira cria.
Coopavel chega à glória
Cascavel refletia o domínio e o consenso ruralista e a Coopavel tinha seu arrojo reconhecido, comemorando como grande feito do ano a conquista do prêmio de maior empresa agrícola do Brasil, quinze anos depois de ter estado prestes a fechar as portas.
Prêmio justo, considerando seu faturamento de R$ 388 milhões, crescimento de 19% em relação ao ano de 2000 e um lucro de R$ 13,8 milhões, 40% maior que o registrado antes, expansão aportada pela agroindustrialização.
A Coopavel crescia apesar do mar de crises internas e externas. Dilvo Grolli tinha motivos para festejar. As 23 filiais da Coopavel receberam 554 mil toneladas de produtos, com um crescimento de 53% em relação ao ano anterior.
"O Laticínio aumentou sua produção de 14 para 16 milhões de litros industrializados. A Reciclagem de subprodutos vegetais passou de 6 para 8 mil de toneladas. Outro grande aumento, foi na produção de pintainhos, onde o matrizeiro passou de 13 para 20 milhões de aves. A Indústria de Óleos bateu recorde de produção ao atingir 202 mil toneladas de grãos processados e transformados em 170 mil toneladas de farelo, dos quais 50% foi exportado para a Europa e 50% consumido pela fábrica de Rações da própria Coopavel. E, 40 mil toneladas de óleo, cuja produção foi exportada em sua totalidade para países da Europa. O total industrializado representa 10% a mais que no ano passado, quando foram processadas 192 mil toneladas de grãos de soja e transformadas em 74 mil toneladas de óleo bruto e 155 mil toneladas de farelo. A produção de rações passou de 155 para 157 mil toneladas ano. Em 2001 também teve lançamento de um novo produto na Indústria de laticínios: o requeijão, em copos de 200 gramas, que já consolidou sua presença no mercado com a marca Coopavel" (Informe Paraná Cooperativo). (Leia amanhã: Divisão política travou iniciativas do agro)
Fonte: Projeto Livrai-Nos!