Coopavel Ano 30: Universidade Corporativa para o novo milênio
Em sua escalada de superações, ano após ano, em 2000 o Show Rural Coopavel sinalizou que entraria no terceiro milênio com um público superior a cem mil visitantes.
Nessa temporada, os 72 hectares do Centro de Treinamento mostraram a funcionalidade de sua infraestrutura, capaz de "absorver a realização de cerca de 4.500 parcelas experimentais e demonstrativas, envolvendo 2.500 profissionais e 150 empresas dos setores de pesquisa oficial e privada, extensão rural, agroquímica, sementes e máquinas agrícolas" (Beatriz Mammini, Estratégias de Produção de Soja na Coopavel no Período de 1990 a 2000).
Em dados precisos, foram 154 empresas e 95 mil visitantes transitar na área durante cinco dias na segunda semana de fevereiro, com uma programação vasta que contemplou 140 palestras técnicas sobre temas relativos à agropecuária, proferidas diariamente.
O Centro de Treinamento apresentava atividades para proporcionar resultados positivos durante o ano todo, somado a uma área de 194 hectares de reflorestamento cujo viveiro "distribui por ano mais de um milhão de mudas de eucalipto, erva mate e espécies nativas, gratuitamente, estimulando a reposição da cobertura natural do território, em benefício do meio ambiente, além de criar nova fonte de renda ao homem do campo" (Beatriz Mammini).
A Coopavel fechou a década contabilizando mais de 42 mil visitas de agrônomos e veterinários às propriedades dos cooperados só em 2000, ano em que seu faturamento subiu a R$ 327,4 milhões.
Unicoop interliga as cadeias
O grande feito do ano, para os ruralistas, foi a criação da Universidade Corporativa Coopavel (Unicoop), em 25 de julho. Uma das primeiras do gênero criada em ambiente cooperativo, surgia para atender à necessidade de proporcionar desenvolvimento pessoal e profissional dos associados e funcionários.
A Unicoop é uma usina de conhecimento prestado aos colaboradores, associados e familiares, na forma de capacitação e aperfeiçoamento nas mais diversas áreas da instrução rural, tais como administração da empresa agropecuária, matemática financeira do agronegócio e cursos técnicos.
A oferta de estudos aprimorados em todas as áreas de interesse dos cooperados decorre da necessidade de tornar a Coopavel cada vez mais produtiva e competitiva, não só no mercado interno como no internacional, na ótica do presidente Dilvo Grolli.
O conhecimento para agregar valor se fez urgente por conta do planejamento estratégico da Coopavel, que cresceu alicerçada em seis cadeias produtivas: insumos, a primeira, desde a fundação; grãos, principalmente de soja, milho e trigo; lacticínios; carnes de aves; carnes suína: e carne bovina.
As cadeias se somaram com a aplicação do princípio de agregar valor aos produtos. Com a aplicação dessa estratégia também veio a proteção ambiental, a promoção da tecnologia por meio do Show Rural e o aperfeiçoamento humano com a Universidade Coorporativa.
A Coopavel, segundo Dilvo Grolli, "é objetivamente uma cooperativa empenhada em ser não só econômica, mas também social, forte, não só na retórica, mas na sua realidade", com capacidade de superar os momentos de crise, prosseguir com seus investimentos para dar equilíbrio entre meio ambiente e produção.
Educação e treinamento
Assim, ao ampliar a Universidade Coorporativa, a Coopavel passava a levar a cada dia mais conhecimento e treinamento aos associados. "Além da parte econômica, precisa a conscientização e a formação do cidadão, através de educação e conhecimento" (Dilvo Grolli, declarações à revista Momento Brasil).
"Os associados e seus familiares fazem cursos ligados ao cooperativismo, auto--estima, melhoria da fala e de desempenho. É um público formado principalmente por mulheres e jovens. As mulheres, por exemplo, fazem parte de alguma comunidade, com os maridos e os filhos (...) Com o cooperativismo, envolvemos a mulher, que cuida do gado de leite, ajuda o marido em algumas situações relativas à agropecuária e na produtividade, também envolvendo os filhos. Fica mais fácil a continuidade do trabalho da geração seguinte" (Sandra Aparecida dos Santos, gerente da Unicoop, revista ITEM/Abdid, 94, 2012).
Cascavel entrou no terceiro milênio com uma população de 245.369 habitantes, apenas 16.696 residentes no setor rural, mas com uma participação extraordinária na economia local. Como a Unioeste, a Coopavel também não está circunscrita aos limites municipais, com uma abrangência que engloba as regiões Oeste e Sudoeste.
Demandas rurais na política
A força e as demandas da gente do campo repercutiram na Câmara Municipal como projetos de diversos vereadores e aprovados por unanimidade. Um dos projetos, do vereador Luciano Huppes (outubro de 2000), tentava resolver o grave problema do menor e jovem abandonados desde o êxodo rural causado pela mecanização e a sucessão de geadas e secas nas décadas de 1980 e 1990.
Propunha um programa de amparo e profissionalização jovens sem lar por meio da "internação em área de dez alqueires na zona rural, onde receberiam ensino profissionalizante em agropecuária com a produção para venda externa em benefício do programa e dos participantes".
Em novembro, o vereador Luiz Ernesto Meyer Pereira, irmão do ex-governador Mário Pereira, propôs a criação de um programa de desenvolvimento do turismo rural.
Por sua vez, o prefeito Salazar Barreiros encerrava o segundo mandato e nas eleições deste ano outro importante líder ruralista, que participou de seis eleições municipais seguidas, conquistou pela primeira vez a Prefeitura, com uma aliança política que reunia partidos tanto de direita quanto de esquerda: Edgar Bueno. (Leia amanhã: Uma odisseia agropecuária)
Fonte: Projeto Livrai-Nos!