Ismos e vírus
J. J. Duran
Estão equivocados aqueles que catalogam o populismo como ideologia, o que pode ser atribuído, ao menos em parte, ao fato de o termo ter a mesma terminação gramatical de socialismo, comunismo e fascismo.
Analistas consideram que o populismo é parte de uma estratégia que, somada a fatos circunstanciais, permite elevar ao poder eternas viúvas políticas dos caudilhos arrogantes nas palavras e medíocres para governar.
Sempre existiu a figura do líder, do caudilho populista e paternal, fazedor da alegria e do bem-estar de muitos que só têm ideologia na hora de receber as migalhas que lhes são ofertadas ou construir obscura fortuna sob a sombra do poder.
Existe o populismo de direita e o populismo de esquerda, o que confirma a versão de que essas duas correntes de pensamento político têm muito em comum e pouco se diferenciam na conduta quando chegam ao poder.
Minha geração nasceu e cresceu sob o patronato de líderes saídos das fileiras revolucionárias militares ou sindicais. Gestores de um pensamento político imaginário, ressuscitadores de tresloucadas e mortas tiranias do pensamento único que fizeram da indo América um histriônico palco de efêmeras conquistas sociais que só serviram para retardar o seu desenvolvimento.
Escondidos atrás de pseudo associações comerciais, os verdadeiros interesses predatórios desfiguraram e desfiguram autênticas e necessárias reformas para consolidar o poder financeiro.
Na planificação vinda dos grandes fóruns internacionais a serviço de escusos interesses, faltou aos cérebros pensantes antecipar suas estratégicas para a chegada do misterioso vírus causador da Covid-19.
Ficou desnuda a pobreza do pensamento único, da temporalidade do poder, dos limites quase primários que alcançou a tecnologia ufanista dos que viajam ao espaço procurando uma suposta nova casa para os terráqueos, mostrando à humanidade que os todo-poderosos que sempre têm a boca aberta, também têm a mente fechada para a realidade.
Vivemos num autêntico crepúsculo político e científico. Frente ao pensamento doloroso daqueles que sofrem a perda de seres queridos vitimados pela pandemia, se desata impudica no cenário nacional uma impiedosa polêmica sobre o uso e o benefício de uma vacina salvadora.
Isso tudo mostra de forma cruel à sociedade toda a pobreza espiritual dos que a governam. (Foto: Pixabay)
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná