Espanha e Portugal iguais na Copa e também no "jogo" da corrupção
Espanha e Portugal estão iguais não só na Copa do Mundo, onde empataram em 3 a 3 no histórico confronto de ontem, mas também no "jogo" da corrupção envolvendo altos agentes públicos.
A condenação de Iñaki Urdangarin (foto), cunhado do rei Felipe VI da Espanha, a 5 anos e 10 meses de cadeia expôs um quadro de suspeitas de corrupção envolvendo políticos e pessoas ligadas ao poder na Europa. Urdangarin foi punido por desvio de fundos, prevaricação, fraude contra o erário, delitos fiscais e tráfico de influência. Ex-atleta de handebol, ele é casado com a infanta Cristina de Bourbon, irmã do rei.
Espanha e Portugal estão no foco de uma série de investigações sobre corrupção e enfrentam escândalos envolvendo nome de autoridades e políticos.
ESPANHA
Ainda na Espanha, o ex-primeiro ministro Mariano Rajoy tenta se desvencilhar da imagem do partido corrompido. No começo deste mês ele perdeu o cargo em moção de censura por que o PP (Partido Popular) está no centro de uma gigantesca investigação de corrupção envolvendo políticos e empresários há décadas. A Audiência Nacional espanhola já condenou 29 dos 37 acusados a penas que totalizam 351 anos de prisão.
É a primeira vez desde a redemocratização do país, nos anos 70, que um primeiro-ministro é forçado a sair do cargo por perder apoio do parlamento. O Caso Gürtel - nome pelo qual ficou conhecida a investigação sobre a rede de corrupção envolvendo o PP - envolve um esquema que pode ter lesado os cofres públicos em mais de 40 milhões de euros entre 2000 e 2008.
PORTUGAL
Em Portugal, a Operação Marquês, iniciada em 2014, revelou que José Sócrates, primeiro-ministro do país entre 2005 e 2011, esteve envolvido em 31 crimes, entre eles corrupção, fraude fiscal e lavagem de dinheiro. Sócrates foi detido preventivamente em 2014, ficando 9 meses na cadeia. Em 2015, passou a cumprir prisão domiciliar e, atualmente, aguarda julgamento em liberdade.
O OS (Partido Socialista), após anos de silêncio em relação ao caso, busca distanciar-se da imagem de Sócrates, de cujo governo António Costa, atual primeiro-ministro, foi ministro na Administração.
Ao tomar conhecimento das denúncias, Costa se manteve neutro e defendeu a presunção de inocência de Sócrates. Uma frase sua tornou-se célebre em terras portuguesas: "À política o que é da política, à Justiça o que é da Justiça".
Na liderança do atual governo, o PS foi derrota nas últimas eleições, perdendo espaço para o PSD (Partido Social Democrata), legenda que esteve à frente do governo durante severo programa de ajuste fiscal, com corte de pensões e aumento de impostos.
O PSD venceu as últimas eleições, mas o PS conseguiu formar governo após associar-se ao Bloco de Esquerda e ao PCP (Partido Comunista Português). A estratégia de distanciamento da imagem de José Sócrates mostra que o PS sonha alto nas próximas eleições, quando pretende conquistar maioria absoluta no Parlamento e montar governo sem fazer concessões a parceiros de esquerda.
OUTROS PAÍSES
Numa prova de que a corrupção é endêmica, há outros casos na Europa que resultaram em condenações e prisões de políticos importantes. Na Alemanha houve o caso de Helmut Kohl, chanceler de 1982 a 1998, envolvido em um escândalo de financiamento irregular do seu partido, a CDU (União Democrata-Cristã).
A função de chanceler na Alemanha equivale à de primeiro-ministro em outros governos parlamentaristas. Kohl admitiu ter recebido doações não declaradas de 2 milhões de marcos, cerca de US$ 1 milhão.
Na Itália, o ex-primeiro ministro Silvio Berlusconi, que ocupou o cargo por nove anos, também enfrentou vários processos e uma condenação por fraude fiscal. A pena acabou transformada em prestação de um ano de serviço comunitário e em pagamento de multa de 10 milhões de euros.
Na França, Jacques Chirac, ex-primeiro-ministro (1974-1976 e 1986-1988), foi condenado à prisão por ter contratado, como presidente da Câmara de Paris, funcionários para a campanha presidencial em que foi eleito para o período de 1995 a 2007. A pena acabou sendo suspensa.
E na França, Jacques Chirac, ex-primeiro-ministro (1974-1976 e 1986-1988), foi condenado à prisão por ter contratado, como presidente da Câmara de Paris, funcionários para a campanha presidencial em que foi eleito para o período de 1995 a 2007. A pena acabou sendo suspensa.