Desencanto juvenil
"Maior de 16 conquista de vez o direito de votar", celebrava em manchete com letras garrafais o jornal Correio Braziliense em sua edição de 17 de agosto de 1988. "Emendas são rejeitadas e políticos têm agora mais 7 milhões para pedir voto", acrescentava a notícia, dando destaque ao que os constituintes da época imaginavam ser uma solução mágica para fazer a população juvenil participar ativamente do processo democrático, o que não se confirmou.
O desencanto da faixa da população com idade entre 16 e 17 anos - que faz o título de eleitor se quiser, mas se fizer é obrigada a votar - é tamanho que, passadas pouco mais de três décadas, esse eleitorado mal supera a casa de um milhão, ou seja, é sete vezes menor do que o estimado já para aquela época. Vale lembrar que nas eleições de quatro anos atrás existiam 1,55 milhão de eleitores nessa faixa etária, ou seja, 55% mais do que hoje.
Esse baixo interesse pelo que também se convencionou chamar de exercício da cidadania se verifica no Brasil todo, mas no Paraná ele supera a média nacional, pois a queda dessa faixa do eleitorado ficou acima média nacional no período e fechou em praticamente 60% - de 90.388 em 2016 e para apenas 36.725 hoje.
Na noutra ponta, os eleitores paranaenses acima dos 60 anos aumentou de 1.410.474 para 1.680.601 de 2016 para cá, mas esse crescimento está distante de compensar a perda dos eleitores juvenis, que caíram radicalmente por absoluto desinteresse pela prática política vigente. Em outras palavras, parece óbvio que o que tem faltado são professores capazes de demonstrar que a política é uma espécie de seiva imprescindível para o sustento de toda sociedade democrática. (Foto: AGBR)