Coopavel Ano 11: 1981, o ano da grande união
A resistência dos suinocultores resultou em janeiro de 1981 na fundação do Núcleo Regional da Associação Paranaense dos Suinocultores, por iniciativa do criador Domingos Salvatti.
Dentro da Acic, o sentimento de que as dificuldade dos agricultores prejudicavam também o comércio, a indústria e os serviços, levaram à vitória do entendimento de que o Sindicato Rural faria a ação política, a Coopavel lutaria na frente econômica e a Acic apoiaria as demandas dos dois.
O presidente da Acic, Fernando Gomes, já com trabalhos realizados junto à Coopavel e Cotriguaçu, assumiu o papel de mediar a unificação de esforços.
A fórmula de fortalecimento mútuo estava na orientação da Coopavel de indicar sócios para o sindicato e vice-versa, para fortalecer a ambos e à comunidade empresarial cascavelense. Foi assim, segundo Gomes, que a Coopavel, com menos de 500 associados, iniciou um salto que a levaria a mais de três mil.
A unidade oestina
O fortalecimento mútuo entre o Sindicato Rural, a Coopavel e a Acic era importante para Cascavel, mas havia a necessidade de também avançar as lutas na região e integrá-las às do Estado e do país.
É com essa compreensão que o Núcleo Regional dos Sindicatos Patronais Rurais (Nurespop) é criado em 16 de maio de 1981 dentro do Sindicato Patronal Rural de Cascavel, tendo o líder ruralista Antônio Dionízio Bosquirolli como presidente.
Eram 28 municípios representados, "com um histórico de manifestações e eventos locais e também representações a Brasília, com a integração entre os sindicatos no sistema Faep e apoio às atividades da bancada estadual parlamentar da agricultura" (Paulo Roberto Orso, Uma História de Paz, Produção e Progresso).
"É difícil compreender os motivos pelos quais um país como o Brasil, necessitado de divisas para saldar suas dívidas no exterior, com uma população mal alimentada e a alta inflação, deixa de prestigiar a agropecuária, única esperança que nos resta para sacar esta nação desta crise econômica, que tem tirado o sono de milhões de famílias brasileiras", dizia Dionízio Bosquirolli.
Solução estava na democracia
Em junho, Bosquirolli propôs que a luta fosse centrada na conquista da democracia e na participação do setor agropecuário nas decisões relacionadas à terra, da reforma agrária à política de preços e comércio internacional. Propunha uma gestão objetiva, apartidária, prática e eficiente, que a seu ver só seria alcançada quando o governo "convocar a participação dos produtores".
Estava satisfeito, porém, com os resultados do convênio formalizado com a Coopavel, que vinha fortalecer o sindicalismo, o associativismo e o cooperativismo.
A Coopavel designou um representante para atuar diretamente junto ao Sindicato Rural. Era o jornalista Clésio José Beltrame, que apresentou sugestões para ativar ainda mais a ação do Sindicato em sua nova etapa de ação conjunta com a Coopavel.
Em julho, mais uma vez fortes geadas abalavam a economia do Paraná. Desesperados com a falta de soluções por parte do governo, os agricultores expulsos da terra pela barragem de Itaipu e pela mecanização rural criavam o Mastro, origem do MST. Para o governo, foi ótimo: ao jogar os agricultores sem terra contra os proprietários rurais, levaria vantagem com a desunião.
Faltava ação na Justiça
Além da política, do esforço econômico e da capacidade reivindicatória, o setor sentiu a necessidade de montar uma estrutura jurídica para tirar os embates da política e da imprensa e levá-los à Justiça.
Em agosto de 1981 foi decidido um convênio entre a Coopavel e o SR para criar uma "repartição jurídica", tendo Clésio Beltrame na secretaria executiva e o corpo de advogados constituído pelo escritório de Wilson Carlos Kuhn (foto), futuro presidente do Sindicato.
Era o que ainda faltava: a partir de agora a ação unida faria pressão sobre o governo, poria em ação a bancada ruralista nos parlamentos e entraria na Justiça a cada lesão aos interesses dos agropecuaristas.
Kuhn propôs evitar que as diferenças entre patrões e empregados atravancasse a Justiça e semeasse a divisão entre eles. A seu ver, a radicalização das assessorias jurídicas marginalizaria muitos agricultores, o que só serviria para aumentar o já enorme "batalhão de boias-frias".
Foi assim que em 12 de setembro de 1981 os agricultores do Oeste, com e sem terra, promoveram uma reunião de emergência para protestar contra o empobrecimento da classe rural. Era um forte desafio à ditadura, mas até quem apoiava o governo dava razão aos agricultores.
A união do campo estava celebrada, mas nos anos seguintes haveria contragolpes para levar os agropecuaristas à desunião. Primeiro entre proprietários e sem terras, depois entre grupos internos ligados ao governo ou à oposição. (Leia amanhã: Conquistas, lutas e um desastre informático)
Fonte: Projeto Livrai-Nos!