Surpresa: pandemia fez bem para o mercado da erva-mate
Ainda cedinho, antes do sol surgir e começar a esquentar a terra paranaense, chia uma chaleira com a água no ponto para preparar um chimarrão em milhares de lares. Em muitas regiões do Estado, o hábito é recorrente, inclusive preferido antes mesmo do café ou outra bebida quente. É fato que a erva-mate faz parte da identidade estadual, integrando até mesmo a bandeira do Paraná, atualmente o maior produtor nacional da matéria-prima para o chimarrão.
O hábito de consumir a bebida guarda em si um traço que se tornou preocupante com a pandemia do novo coronavírus: o compartilhamento da cuia. Hoje, uma lembrança distante, o chimarrão era presença obrigatória (e compartilhado) em lojas agropecuárias, cooperativas, bancos, escritórios e outros estabelecimentos.
Com o coronavírus rondando, no entanto, o hábito de tomar chimarrão em grupo diminuiu bastante, como forma de prevenção, o que parecia ser o prenúncio de um golpe na cadeia do mate. Mas foi justamente o contrário, conforme atesta reportagem produzida pela assessoria da Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná). Produtores de erva e indústrias paranaenses apontam um aquecimento do mercado por conta de as pessoas estarem mais em casa, com mais tempo para preparar a bebida e consumi-la individualmente.
COTAÇÃO EM ALTA
Justamente por causa da demanda aquecida, o preço da arroba da erva-mate em folha fechou agosto de 2020 em R$ 17,26, maior valor desde novembro de 2019, quando atingiu R$ 17,31. Foi uma reação considerável nos valores pagos aos produtores, já que a arroba chegou a valer R$ 15,98 em março, quando ainda não havia reflexos da pandemia.
Para o presidente do Cogemate (Conselho Gestor da Erva-Mate) do Vale do Iguaçu, Naldo Hiraki Vaz,outros fatores contribuíram para esse cenário, dentre eles a baixa nas reservas do produto na Argentina, fruto de problemas climáticos que afetaram a produtividade pelo segundo ano seguido. (Foto: Pixabay)