Coopavel Ano 7: conquistas no Jubileu de Prata
Em janeiro de 1977, o presidente do Sindicato Rural de Cascavel, Antônio Dionízio Bosquirolli, propôs a união dos sindicatos patronais e de trabalhadores rurais do Oeste para exigir do governo a reforma agrária que o presidente Castello Branco iniciou mas depois de sua morte, com a mutação do regime, passou a ser fonte de divisão no campo entre os agricultores com e os sem terras.
A situação era difícil para todos e Bosquirolli propunha pressionar o governo até uma solução concreta aparecer.
Aproximava-se a próxima safra de milho (março a julho), com ameaça de crise para 90% dos suinocultores que são minifundiários, dizia Bosquirolli, em tom dramático, ao molde do poeta Cruz e Souza: "O suinocultor nesta época vive o horror noturno da incerteza, como árvore podada no outono, parecendo mãos de enterrados vivos".
Um mês depois eclodia uma nova crise, com o sofrimento dos pequenos produtores de arroz prejudicados pelos atravessadores, que impunham preços irrisórios.
O cartel das misturadoras de fertilizantes à sombra da ditadura era tão descarado que o próprio ministro da Agricultura, Alysson Paulinelli, condenou os "lucros abusivos" do setor, principal causa dos altos preços do produto.
Para os ruralistas, só a união era a resposta. A estratégia estabelecida foi aplicada em junho de 1977, quando a Coopavel propôs a sindicalização de seus cerca de 2.600 associados para provê-los de assistência médica e medicina preventiva por meio do Sindicato Rural.
Integração ruralista
A integração sindicato-cooperativa multiplicava as forças dos agricultores para a luta aberta contra o governo e as transnacionais.
"A partir daí convencionamos que faríamos as manifestações e reivindicações mais polêmicas através do Sindicato, com a subvenção da Coopavel, que bancava as despesas de locomoção e pessoal para fazer as manifestações"(Milton Pedro Lago).
A sindicalização de pessoal ligado à Coopavel fortaleceu a influência política da cooperativa e deu um importante volume de associados ao Sindicato Rural. Com a grande força conquistada, até a possibilidade de construir o Palácio da Agricultura na Avenida Brasil foi aventada.
O movimento ruralista chegava a um estágio de união que o agrônomo Antônio Reis julgava impossível nos tempos em que muitos temiam o cooperativismo. Chegando ao grau máximo de união entre as cooperativas do Oeste e Sudoeste em torno da Cotriguaçu, em 4 de março de 1977 era inaugurado o terminal portuário em Paranaguá e a Coopavel inaugurava o prédio de seu centro administrativo e o km-591 da BR-277 se somava aos principais endereços do agronegócio brasileiro. (Foto)
Aperto em Geisel
Sob pressão dos agricultores, o general Ernesto Geisel voltava ao Oeste do Paraná em maio para inaugurar o trecho Cascavel-Toledo da BR-467 e Cascavel-Campo Mourão da BR-369.
Acostumado a ter o controle das situações, em plena ditadura, o general-presidente não estava informado que os ruralistas de Cascavel o acuariam com uma pauta de reivindicações que incluía o imediato início das obras da Ferrovia da Soja.
A pauta foi apresentada de surpresa, à frente do público e da imprensa, pelo líder cooperativista Roberto Wypych. Geisel se mostrou incomodado, não respondeu e encerrou o ato rapidamente.
Em clara demonstração de que se sentiam fortalecidos, na preparação para os festejos do Jubileu de Prata do Município, em 14 de novembro de 1977, um carro de boi foi preparado para simbolizar os pioneiros, seguido por trator e implementos agrícolas para significar o avanço tecnológico do meio rural.
A faixa colocada entre as duas épocas era quase um panfleto: "Cascavel de hoje - Ciência e tecnologia - Já soletramos o ABC da instrução e educação rural". (Leia amanhã: Fortes abalos, firme resistência)
Fonte: Projeto Livrai-Nos!