A cultura do absurdo
J. J. Duran
A indo América enfrenta seus gravíssimos problemas sociopolíticos desde o pensamento político, econômico e jurídico. Olhando desapaixonadamente o cenário, devemos reconhecer que hoje a palavra dos sociólogos são mais gravitantes que a dos políticos, economistas e juristas.
Estamos nos albores do que parece ser a neocultura sociopolítica tóxica, juridicamente anêmica e fruto da confusa mistura de realidades e relatos ilusórios.
Transitamos dentro de uma grisalha paisagem social cujas marcas principais são o tempo da criminalidade sistêmica organizada e a corrupção política perpetrada de forma dissimulada como suporte das políticas e dos políticos.
Nesse cenário, a incultura do absurdo se fundamenta na equívoca premissa de que o brasileiro tem memória curta. O pensamento e as ações dos marqueteiros de plantão, que têm a dificílima tarefa de vender ao eleitorado um ressuscitado bom político, destapam a deficitária passagem pelo poder de elementos elevados a sitiais de privilégios e que violaram moral e materialmente ao povo.
Muitos sustentam que devemos voltar ao tempo da democracia ateniense, um período em que o cidadão olhava a política como virtude e não como vício repugnante. Mas para isso é necessário saber votar, comparando passado e presente e não se deixando levar pelas sutis campanhas que anestesiam a memória pública e permitem a reeleição daqueles que lutam desesperadamente pela manutenção do foro privilegiado.
A política, como arte, está totalmente desvirtuada pelos salteadores da democracia, que fizeram da representação outorgada pelo voto a blindagem que impede converter o mau homem público em presidiário por conta de sua biografia real.
A política de hoje é um polígono em que aquele que não rouba nem mente é um otário desprezível e os falsos homens públicos, oportunistas políticos, professam o absurdo de pensar que o tempo borra fatos atentadores da fé do homem simples.
Esses homens, como diz Levigne, sofrem da anemia degenerativa da vergonha. Praticantes impiedosos da mentira e da arrogância e desprovidos do sentimento de culpa, se põem a pedir mais uma vez o voto como se tivessem uma vida ilibada.
Ao eleitor cabe decidir se quer a mudança ou que tudo continue como está.
J. J. Duran é jornalista e membro da Academia Cascavelense de Letras