Rebeldes sem causa
Confesso que o fato de ter tomado conhecimento da presença de um grupo de professores no entorno do Núcleo Regional de Educação de Cascavel para, em um ato de rebeldia sem razão de ser, protestar contra a proposta de transformar 215 colégios estaduais do Paraná em escolas cívico-militares, na manhã desta quarta-feira (28), aguçou minha indignação com o desastroso modelo educacional que, ao longo das últimas décadas, transformou a segunda casa de cada um de nós em um espaço onde pouco se impõe e quase tudo se tolera.
Já sexagenário e de uma família na qual sobejam professores - acredito que a maioria favorável a essa experiência -, não posso deixar de reiterar minha opinião de que o permissivismo de muitos legisladores do passado, parte dos quais na ativa até hoje, cabresteou nosso sistema educacional tal qual o cavaleiro faz antes de montar no seu animal.
Esse fato me remeteu a uma passagem já um tanto distante, quando ouvi de meu saudoso irmão mais velho um dolorido desabafo não sobre seu salário como mestre já veterano, mas pela forma como ele e seus colegas eram tratados em sala por alunos mirins cujas famílias buscavam transferir para a escola o papel de educá-los, como se esse fosse o papel dos professores e não dos pais.
É triste ver que uma parte considerável de nossos professores insista em pensar e agir de acordo com a doutrina que mantém há vários anos o ensino público brasileiro entre os piores do mundo.
Por fim, vale destacar que três dos deputados de Cascavel (Gugu Bueno, Marcio Pacheco e Coronel Lee) votaram a favor e um (Professor Lemos) votou contra o projeto de implantação das escolas cívico-militares proposto pelo Governo do Estado. (Imagem: Pixabay)