Eleições municipais II
J. J. Duran
Tomara todos aqueles que estão fazendo parte da disputa eleitoral iniciada nesta semana lembrem que nem sempre os interesses partidários se harmonizam com os reclamos do povo.
Vivemos um tempo que exige profunda reflexão para evitar que os conflitos que irão surgir no curso da campanha se aprofundem e radicalizem no pós-pandemia.
No curso da campanha os candidatos vão falar de partidos, programas, intenções e da visão que têm como homens públicos, ou simples vizinhos, a um eleitorado que já não acredita mais na maioria esmagadora dos políticos.
Resgatar a imagem positiva de velhos e românticos tempos da política é tarefa fundamental para conseguir acalmar os espíritos tão duramente castigados pela pandemia apocalíptica.
Sempre lembro e transcrevo um trecho de célebre discurso pronunciado pelo saudoso Tancredo Neves no Senado, no qual disse ele:"É duro confessá-lo e mais duro ainda proclamá-lo, mas caminhamos celeremente para o descrédito, a desmoralização e o vilipêndio político. Degradou a demagogia, corrompeu o poder econômico não somente o voto como também o sistema democrático".
No turbilhão dos debates desta disputa atípica, longe do calor das ruas, espera-se que todos os candidatos mantenham uma linha de coerência e fidelidade às suas convicções.
Da parte do eleitorado, é visível o inconformismo com o atraso e a miséria que envolve grande parte da população, frutos das promessas enganosas que castigam principalmente os jovens e os anciãos, e urge que os políticos devolvam a esperança àqueles que perambulam tristemente na busca de um trabalho.
Cascavel é paisagem insular dentro do mapa brasileiro, pois, graças aos esforços principalmente de seus colonizadores, se transformou em uma cidade muito próspera e que recebe de braços abertos todos que nela chegam carregando o sonho de um futuro melhor.
Apesar disso, trata-se de uma cidade que também tem lá suas mazelas, que precisam ser enfrentadas com urgência e coragem por aqueles que receberão dos eleitores a missão de conduzi-la a bom termo ao longo dos próximos quatro anos.
Que nossos candidatos reflitam sobre o que dizer aos eleitores, pois não será com falsas promessas que se vai gerar as condições necessárias para que cada um possa conquistar dignamente o pão de cada dia.
Neste tempo de pandemia, de isolamento material e moral, toda promessa pode se transformar em um estigma que irá marcar para sempre o mercador de ilusões. (Imagem: Pixabay)
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná