O preço (alto) da democracia
É penoso acreditar que seja verdade, mas é. Acabamos de entrar em mais uma festa da democracia, aberta no domingo (28) com o início oficial da campanha que, para a grande maioria, terminará em 15 de novembro - a exceção será para os moradores de parte dos 95 municípios com mais de 200 mil eleitores e que, por esse motivo, poderão ter segundo turno - e já somos obrigados a usar a calculadora para estimar o tamanho da conta.
Como toda festa que se conhece, essa também tem lá seu preço - muito salgado, diga-se de passagem. E esse preço, é impossível não lembrar, será rateado entre absolutamente todos nós, inclusive aqueles que, por diferentes razões, dessa festa não pretendem participar.
O primeiro e mais exorbitante custo é conhecido em detalhes: R$ 2.034.954.823,96. Esse é o montante fixado para o Fundo Especial Eleitoral, uma criação da elite política para beneficiar a ela própria. É o dinheiro público financiando o projeto privado de mais de 517 mil brasileiros que se candidataram às 5.568 prefeituras e igual número de câmaras municipais espalhadas por todo o País.
Mas, se engana quem pensa que é só isso. Um estudo desenvolvido pela USP (Universidade de São Paulo) estimou em mais R$ 1 bilhão o rombo de outra artimanha esdrúxula amparada em lei: o custo do poder público pelas férias adicionais de 50 dias que é obrigado a conceder aos milhares de servidores que se lançaram candidatos, muitos deles sabedores de que não têm a menor chance de se eleger.
Ah, tem também o custo dos quatro anos de incompetência ou má-fé, quando não as duas coisas juntas, de muitos dos que serão eleitos, algo impossível de calcular até mesmo com o uso de uma bola de cristal.