O poder é finito
J. J. Duran
O esplendor do sistema capitalista tantas vezes colocado como símbolo máximo da realização humana está vivendo seus últimos momentos, num ocaso repleto de cadáveres e interrogações protagonizado pela pandemia.
Esse modelo agoniza nos recintos do poder tanto quanto nos túmulos daqueles que foram abatidos por um vírus que veio nos mostrar, de forma silenciosa mas intensa, a nudez do fabuloso mundo das conquistas logradas pela tecnologia.
Aos tristemente lembrados como vítimas do vírus apocalíptico temos que somar a imensa e silenciosa coluna dos pequenos empreendedores, que sucumbiram diante de uma política oficial que sempre privilegiou os grandes grupos.
Os direitos tantas vezes reclamados pelos ativistas das ruas foram suprimidos de forma drástica e repentina pelos decretos governamentais determinando o isolamento social. Até os templos foram punidos pela lei dos homens, em um espetáculo angustiante e dolorido de um mundo repleto de fraquezas e contradições.
Até capitalismo e socialismo se juntaram em nome da sobrevivência de uma sociedade cuja fragilidade está exposta por centenas de milhares de covas abertas na terra para receber nossos entes queridos, e isso acabou por demonstrar, de forma cabal, a impotência e a nulidade dos"milagres"obtidos pelo homem.
Fomos capazes de ir à lua e ao fundo dos mares, mas nos revelamos totalmente frágeis diante do ataque de um minúsculo vírus, cuja vacina virá em breve, mas como diz o Papa Francisco, meu patrício, irá salvar primeiro os mais ricos e só depois os que não podem pagar por ela, que são a imensa maioria.
Passado esse triste momento, o poder terrenal tão procurado pelos desejosos das joias da corona vai ter que repensar sua conduta e adotar novos mecanismos sociopolíticos que lhe permita construir uma base sólida e autêntica para, no futuro, opor-se a novas pandemias.
Gostem ou não, queiram ou não, a humanidade inteira terá que trilhar esse caminho, pois esse vírus chinês veio demonstrar toda vulnerabilidade das chamadas potências industrializadas, que diante dele se tornaram totalmente impotentes. (Imagem: Pixabay)
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná