O jornalismo pós-pandemia
J. J. Duran
Os jornalistas consideram que seu ofício, uma vez exercido com decência, se converte em ferramenta importante para ajudar no bom funcionamento das instituições republicanas.
O povo sempre confia na informação não manipulada pelos interesses políticos ou empresariais e vai deixando de consumir todo aquele conteúdo jornalístico submisso aos interesses da minoria.
Porém, na indo América existem nichos de informação que, por conta da pandemia e do isolamento imposto pela saúde pública, vivem fora da realidade. Esquecem o dito e o escrito em outras jornadas para, sem o menor pudor, trocar o jornalismo em sua verdadeira essência pela defesa de interesses mesquinhos. Um colega muito experiente e conceituado coloca esses meios como em isolamento moral.
A dependência das benesses ofertadas de diversas formas pelos governos de plantão para comprar adesões leva a um total desvirtuamento da verdade que deve nortear a imprensa.
O despreparo e as ideias persecutórias germinam mais abertamente nos governantes carentes do mais elementar conhecimento sobre os caminhos que conduzem a informação ao seu público consumidor.
Os ataques partidos de elites governantes e meios domesticados pelo poder econômico são demonstrações de uma debilidade oculta que só alimenta o consenso da rua sobre a mediocridade existente em diferentes esferas do poder.
Em 70 anos de exercício da profissão tive a oportunidade de ver que os meios de comunicação que, impulsionados pelo dinheiro ou pela mediocridade, deram apoio incondicional a figuras do transitório poder governante, caíram no desprezo silencioso do povo.
A desconstrução do escasso conhecimento político da sociedade em geral sempre se agigantou mediante a publicação distorcida da verdade feita pela fatia mais medíocre da nossa imprensa, que é retrato fiel da sociedade tanto quanto qualquer outro segmento.
Mas passada a pandemia, que está levando todos nós a uma profunda reflexão, seguramente a sociedade vai se reestruturar sobre novas bases e novos modos de vida. E nessa nova configuração, muitos dos nossos meios de comunicação precisarão se reinventar se quiserem sobreviver em um cenário bem mais exigente. (Imagem: Pixabay)
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná