As eleições municipais
J. J. Duran
Nesse tempo o pensamento se volta para a sobrevivência frente à crueldade representada pela morte já de praticamente 120 mil brasileiros por um vírus misterioso, porém também pela irresponsabilidade do Estado como força agregadora do pensamento inteligente que possibilite atenuar os efeitos devastadores da pandemia.
Mas, com o passar dos dias, outro assunto também começa a despertar grande atenção: as eleições municipais, um verdadeiro laboratório da democracia no qual a maioria da população é convocada a eleger ou reeleger seus representantes mais próximos.
É bom refletir que o ato eleitoral será realizado em um tempo altamente dramático, de extremas dificuldades e diante de um futuro incerto no campo laboral. Nele, o eleitorado precisa escolher líderes com larga e inteligente visão e capazes de atrair todas as forças na busca do melhor caminho rumo ao novo normal que virá ao término da pandemia.
Não será com radicalismo político ou com o espectro partidário infectado pelo poder econômico que iremos ao encontro de soluções às graves feridas que nos afligem.
Está ao alcance dos olhos de todos o enfraquecimento do emprego, fonte de sobrevivência para todos, e não será com proposições alopradas que se dará aos municípios as condições necessárias para contornar as dificuldades já conhecidas e outras que certamente advirão até a superação deste momento difícil para todos.
Não é tempo do discurso acusativo e rememorativo do passado. Não é tempo do breviário mentiroso com sua monstruosa lista de obras a realizar para acobertar o fato de que muitas prometidas no passado ainda não foram feitas. Não é tempo dos discursos ufanistas e sem conteúdo exequível. Do prefeito ao vereador, mais do que fidelidade ao partido será exigida fidelidade ao eleitorado.
Não será no fim desse ano cruel, quando a República ainda estará gravemente ferida pelo vendaval de uma crise de proporções mundiais, que, para definir o seu voto, o eleitor cederá ao discurso do bastardismo, da virulência reprovativa e da aparição messiânica de salvadores da Pátria.
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná