A República dos aloprados
J. J. Duran
Equivocados estão aqueles que pensam que as instituições da República têm valor absoluto e um fim em si mesmas. Ao contrário, quando deixam de corresponder aos anseios e imperativos da consciência nacional, elas se tornam instrumento que retarda e empobrece o processo político.
Aqueles que observam somente o formalismo no funcionamento dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário estão apequenando a democracia, pois não existe ordem jurídica capaz de amparar as minorias da ação de tresnoitados aloprados que aproveitam a liberdade proporcionada pela democracia para defender o fechamento das instituições republicanas.
Neste tempo difícil por que passa a humanidade como um todo, a maioria absoluta dos brasileiros está distante de apoiar os gritos dos reacionários olavistas. A democracia é para todos e não para uma minoria respeitável por certo, mas que reclama de forma exaltada o retorno institucional da República a um tempo já superado e que deixou muitas feridas abertas.
Os pregoeiros mercadores inquietos de ideologias extremistas que procuram estabelecer metas antidemocráticas para satisfazer escuros apetites de permanência no poder vivem fora da realidade. A República está gravemente comprometida pela inautenticidade desses reclames que, típicos da confusão ideológica dos seus professantes, intentam colocar o poder a serviço de um personalismo inequívoco, de mitos superados pelo tempo.
Proclamar a intolerância política e a desobediência civil é fruto de um delirante estado patológico de mediocridade mental. Existem erros dentro do corpo que conforma transitoriamente a gestão dos homens e mulheres na condução das instituições republicanas, mas esses são personagens transitórios e substituíveis nos três poderes.
As diferenças devem se processar estritamente dentro do Parlamento, definido pela Carta Magna como sodalício natural do debate. Fora isso, pouco ou nada tem sentido nesta hora grave e que exige de todos um silêncio responsável, por vezes mais condenatório que os gritos daqueles que insistem em reviver um passado de tristes lembranças.
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná