Valorização histórica do queijo mantém mercado lácteo aquecido
Os queijos continuaram valorizados ao longo de julho e entraram agosto em alta, garantindo o aquecimento do mercado de lácteos no Paraná. A exemplo do que havia ocorrido no mês anterior, o grande destaque foi a muçarela, cujos preços atingiram o maior valor nominal da série histórica. Neste cenário, o Conseleite-PR (Conselho Paritário Produtores/Indústria do Paraná) aprovou nesta terça-feira (18) o valor de referência projetado de R$ 1,8319 para o leite entregue em agosto a ser pago em setembro.
A alta está diretamente relacionada à relação entre a oferta e demanda. A procura pelos derivados lácteos aumento ao longo de julho e primeiro decêndio de agosto (até o dia 12), o que compensou o volume de comercialização um pouco menor em relação ao mesmo período do ano passado.
"É um movimento inédito. Em agosto, historicamente, temos uma oferta maior. Rarissimamente se vê um queijo se valorizar tanto nesta época", observou a professora da UFPR Vânia Guimarães, uma das responsáveis pelo levantamento.
Desde maio, quando seu preço chegou ao menor patamar do ano, a muçarela vem acumulando altas consecutivas. De lá para cá, a valorização do derivado foi de 62%. Com os preços em alta, a muçarela também ampliou sua participação no mix de comercialização, chegando a responder por mais de 50% dos produtos lácteos vendidos pelas empresas que fazem parte do Conseleite-PR.
O comportamento dos preços da muçarela também se observou nos outros queijos. Depois de maio, esses derivados também oscilaram positivamente, chegando a agosto em patamares elevados. De maio ao primeiro decêndio de agosto, a valorização do prato chegou a 45,5% e do provolone, a 26%. Parmesão e requeijão também vêm em alta, mas em índice inferiores, de 14,5% e 12,9%, respectivamente.
Entre os outros produtos, a comercialização também se mostrou aquecida. Leite spot, leite em pó e creme de leite também vieram em alta significativa. Doce de leite, manteiga e bebida láctea tiveram uma valorização tímida em julho e vêm em leve queda ou em estabilidade em agosto.
Apesar da demanda aquecida e de os preços estarem em patamares superiores aos esperados para esta época do ano, a recomendação é de que produtores e indústrias devem adotar um tom de cautela.
"Preços de pico não se sustentam no tempo. Vamos nos lembrar deste momento como um desses picos de preço", ressaltou Vânia. "Apesar de julho ter sido positivo e de as projeções para agosto serem boas, é necessário que tenhamos calma, até em razão de acontecimentos externos, como a pandemia do novo coronavírus, que afeta diretamente a relação de produção e consumo", disse Ronei Volpi, vice-presidente do Conseleite-PR, e presidente da Comissão Técnica de Bovinocultura de Leite da Faep. (Foto: Faep)