Os dois debates
J. J. Duran
Neste tempo institucional, governado democraticamente pelo ex-capitão e hoje apóstolo evangelista do reformismo dos novos costumes, a República assiste um tanto atemorizada ao surgimento de dois debates travados por frenéticos impulsos reformistas e apegado amor à ideologia de direita do pensamento nacional e à palavra bíblica, o que mostra a fidelidade do presidente ao seu discurso como candidato.
Na vereda oposta à de Jair Bolsonaro transitam cidadãos, políticos, boa parcela da chamada grande imprensa e instituições da República que não se conformam com o que visualizam no horizonte do pensamento oficial.
Para o ex-capitão, militar de formação e político por amor à democracia representativa, todos aqueles que falam, escrevem e até pensam de forma distinta da sua são devassos e uma espécie de vírus infectante da sociedade.
E uma parcela de seus defensores inquietos entoam cânticos bélicos pedindo o fim de instituições imprescindíveis em um regime republicano, como se esse fosse um caminho palatável para a construção de uma sociedade verdadeiramente justa e fraterna e sem as mazelas que há décadas castigam a Nação como um todo.
Por sua vez, os militares que exercem temporal atividade civil em funções estratégicas, de cuja formação ninguém pode discordar e a cujas ações muito deve a República, compreendem e manifestam que o governo é a expressão natural e lógica de um entrechoque de pensamentos e ideologias que nem sempre coincidem com o pensamentos da sociedade governada.
É diante desse cenário que a maioria que erigiu o ex-capitão à condição de presidente da República terá, no pleito eleitoral de daqui a pouco mais de dois anos, a oportunidade de referendar nas urnas o caminho trilhado pelo atual governo ou dar um passo atrás e entregar o comando do País a alguém com outra linha de pensamento.
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná