O amadorismo da saúde pública
Além de enlutar dezenas de milhares de famílias e realçar a falta de respeito de muitos homens públicos e dos"cientistas" das redes sociais com a população, a chegada do coronavírus no Brasil serviu para escancarar a forma amadora e por vezes criminosa como a saúde pública é conduzida no País. O que, diga-se de passagem, não chega a ser exatamente uma novidade.
Esse amadorismo foi ainda mais escancarado por um levantamento postado nesta sexta-feira (26) no portal G-1. Baseado em dados fornecidos pelos próprios governos estaduais, o estudo apontou que, juntas, as 27 unidades da Federação fecharam a aquisição de 6.998 respiradores artificiais desde o início da pandemia, mas só 3.088 já foram entregues e estão sendo usados para salvar vidas, o que ocorre principalmente pela explosão repentina da demanda.
Com seu sistema de saúde próximo de um colapso, o Paraná aparece como um dos Estados com menor investimento nessa área, com a compra de 84 respiradores e o recebimento, até o presente momento, de apenas 64. Isso significa que, não fossem os respiradores doados pelo Ministério Público e empresas como Banco Itaú e Suzano, muitos paranaenses estariam hoje morrendo na fila à espera desses equipamentos, que são imprescindíveis para quem está em crise respiratória grave.
Menos mal que no nosso caso os respiradores adquiridos custaram entre R$ 40 mil (o menor preço do País) e R$ 93 mil, bem abaixo dos R$ 226 mil pagos pelo Rio de Janeiro e os R$ 189 mil pagos por São Paulo, Estados cujos governos figuram na lista já extensa dos que estão sendo investigados por superfaturamento.