O casuísmo da CNM
Exercesse o peso político que julga ter para lutar pelo bem dos brasileiros em geral e não pelos interesses de seus membros ilustres, a Confederação Nacional dos Municípios - aquela das intermináveis Marchas a Brasília, que nunca resolveram nada - assumiria pra valer a condução de bandeiras como das reformas do pacto federativo e tributária e seria suficientemente zelosa a ponto de não "queimar o filme" como fez nos últimos dias, ao empunhar de forma intransigente a defesa da simples prorrogação dos mandatos dos atuais prefeitos e vereadores.
Em uma atitude casuística a ponto de envergonhar até boa parte da classe política, o presidente da entidade, Glademir Aroldi, que nem prefeito mais é e, portanto, não deveria estar no cargo, liderou uma mobilização até os 45 minutos do segundo tempo para impedir que o Senado Federal aprovasse hoje a PEC que adia o primeiro turno para dia 15 de novembro e o segundo para duas semanas mais tarde, dia 29.
Atitudes como essa apenas reiteram o que quem acompanha a política tem bem claro há muito tempo: que essa Confederação - que, diga-se de passagem, em 2018 trocou de presidente depois de longos 21 anos - não passa de mais uma das muitas artérias a sangrar o erário.
Por fim, vale lembrar que, apesar do adiamento, o fato de as eleições continuarem previstas para este ano garante que o período dos atuais mandatos e a data da posse dos eleitos permaneçam inalterados, respeitando o que já está constitucionalmente estabelecido.