Conciliar para governar
J. J. Duran
O Estado divorciado do Direito e detentor de seu próprio sistema moral e de condutas ideológicas representa, historicamente, o poder do arbítrio e dos sonhos dementes que buscam aniquilar as prerrogativas republicanas imprescindíveis ao sistema democrático.
Os governantes que tentaram se tornar o poder em si próprios para impor, com verdades absolutas discutíveis, suas palavras e seus pensamentos ideológicos foram cruelmente julgados pela História.
Eliminar o debate, dispensar o diálogo, não permitir a conversa sobre pontos controversos de uma gestão e não suportar críticas, ainda que elas sejam feitas de forma aberta e respeitosa, é desenhar um futuro de sombria perspectiva e eivado de intolerância e resgate demente de um passado que deve ser sepultado de uma vez por todas.
Na democracia, o que enobrece os governantes é sua capacidade de usar a tolerância e a compreensão como ferramentas de poder para lograr o entendimento necessário entre governo e oposição. Estabelecer o diálogo não impositivo demonstra quão significativo é para um governo manter respeitosa relação entre os poderes republicanos.
Há que se ter em todo momento do mandato outorgado pelo voto do povo em um pleito democrático vocação para estabelecer um entendimento igualitário entre as partes na busca da conciliação de atitudes.
Em períodos de gravíssima crise econômica, política e social, ou em tempos cruéis como o da pandemia que afeta neste momento toda a humanidade, ainda mais importante se fazem a sensatez e a inteligência dos governantes, pois é neles que os cidadãos depositam toda a sua esperança.
A humanidade vive à beira de um abismo e só se livrará desse pesadelo na medida em que haja conciliação entre todos sob o manual da democracia, único caminho capaz de nos levar à superação desse momento fugaz, porém terrível da nossa história.
Concluindo: conciliar enquanto há tempo é verbo representativo do anseio da República nessas horas difíceis. (Foto: Reprodução Google)
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná