Ignorância e perversidade
Este breve comentário não é direcionado a ninguém em particular, mas tudo bem se alguém o considerar uma flechada nos "cientistas" daquele que não é exagero algum classificar como submundo da política e das redes sociais e que, por desconhecimento ou má-fé, insistem em negar o óbvio e desprezar a gravidade do momento, acabando, com isso, por adoecer ainda mais a nossa já combalida economia.
O mundo terráqueo todo enfrenta este dilema, mas no Brasil o cenário é particularmente pior. Do Oiapoque ao Chuí, o que é essencial para o momento há muito foi rebaixado a um plano secundário da pauta por debatedores broncos, dando lugar à banalização de uma perversidade talvez sem precedentes na história do País no campo do debate público.
Parecem não ter se dado conta que o coronavírus mata de verdade e que as chances de os números da presente tragédia estarem subestimados e não superestimados é concreta pelo desaparelhamento da saúde, fruto da negligência e da corrupção de muitas décadas, bem como do inegável fato de que nem as maiores potências econômicas estavam preparadas para enfrentar este momento.
A pandemia foi "politizada" com tamanha desfaçatez que para muitos desses néscios o que realmente importa não é combater o coronavírus, mas nutri-lo para cooptar o apoio dos eleitores incautos por meio de uma lavagem cerebral típica das nações mais ignorantes - o que, diga-se de passagem, não alivia a culpa dos governantes de todos os níveis e partidos que agem com o rabo do olho voltado para as urnas e daquela fatia da sociedade em geral que insiste em negar a ciência.
A Nova Zelândia suspendeu nesta semana todas as restrições sociais e econômicas, exceto os controles de fronteira, e se tornou o primeiro país comprovadamente livre da pandemia depois de quebrar o elo da transmissão do vírus graças a um dos planos preventivos mais rígidos implementados no mundo todo, como sete semanas consecutivas de isolamento social, mas nossos "cientistas" de ocasião insistem em ignorar notícias como essa e acreditar nas fake news que inundaram as redes sociais e grande parte da imprensa.
Isso ajuda a explicar, por exemplo, a nova e trágica projeção de um estudo-modelo utilizado pela Casa Branca indicando que quando agosto chegar o Brasil poderá já ter contabilizado algo como 165 mil mortes pela Covid-19. Essa estimativa certamente seria bem menos catastrófica se a maioria esmagadora dos brasileiros tivesse dado sua parcela de contribuição para tornar mais efetivas as medidas implementadas no País desde o início da pandemia.