Pressão de avicultores faz indústria aumentar preços
Avicultores integrados de Cianorte, no Noroeste do Paraná, deram um exemplo de como a união, a mobilização e o acompanhamento dos dados da própria atividade podem levar o setor a conquistas importantes. Após uma série de ações coordenadas, que incluiu uma carreata e a paralisação dos alojamentos, eles conseguiram que a agroindústria integradora aprovasse um conjunto de reivindicações.
Segundo o Sistema Faep, entre os itens aprovados está o aumento dos preços pagos aos avicultores pelo quilo de frango e toda a negociação se tornou possível a partir do fortalecimento e da atuação da Cadec (Comissão de Acompanhamento, Desenvolvimento e Conciliação da Integração).
As negociações dos produtores com a agroindústria - a Avenorte Avícola Cianorte - começou ainda no início do ano. Por meio da Cadec, os avicultores apresentaram à empresa uma pauta com nove itens, dos quais três foram atendidos. A questão da remuneração - um dos pontos mais sensíveis aos produtores -, no entanto, ficou de fora do acordo. Com a negativa da empresa em relação ao reajuste dos preços, os integrados promoveram uma assembleia no âmbito da Cadec e decidiram ampliar a mobilização.
"Na assembleia, os produtores aprovaram a flexibilização dos itens, que seriam reapresentados à empresa. Se a agroindústria não atendesse, os avicultores decidiram que iam proceder com a parada gradativa dos aviários e promover outras manifestações. A empresa passou semanas sem se posicionar. Quando responderam, disseram que o reajuste estava fora de cogitação e que o diálogo em relação a esse ponto estava cessado. Isso os produtores não aceitaram", relatou o coordenador da Cadec, Diener Gonçalves de Santana.
A partir de então, os avicultores começaram a paralisar gradativamente os alojamentos em seus respectivos aviários. Em outra frente, promoveram uma carreata, que reuniu mais de 120 participantes. "A empresa, de maneira não geral, não acreditava que o movimento fosse ter essa dimensão, nem que nós estávamos tão bem organizados. Eles achavam que ia dar meia dúzia de produtores. Eles ficaram surpresos com a repercussão do ato e a sociedade ficou do nosso lado", acrescentou Santana.
CONCESSÕES
As ações coordenadas surtiram efeito. A empresa chamou os produtores para uma nova rodada de negociações e, no âmbito da Cadec, aprovou os seis pontos que haviam sido rejeitados no início do ano. Para que isso ocorresse, os produtores também flexibilizaram os pedidos, chegando a um denominador comum com a agroindústria. Em relação à remuneração, o preço pago aos avicultores por quilo de frango saltou de R$ 0,27 para R$ 0,2950. A partir de outubro, os integrados vão receber R$ 0,30 por quilo. Além disso, os produtores também foram atendidos em demandas relacionadas a aspectos do alojamento.
Hoje, o Paraná é referência para o restante do país no que diz respeito à implantação e atuação das Cadecs. Instituídas a partir da Lei da Integração o (Lei 13.288/2016), elas funcionam como um espaço de construção de consenso e que busca o equilíbrio entra produtores rurais e a agroindústria. O Sistema Faep/Senar-PR tem desempenhado um papel fundamental neste ponto, com a criação de uma política de estímulo à instalação e consolidação de comissões. Representantes da Federação têm viajado todas as regiões do Estado, prestando assessorias técnica e jurídica para a constituição e consolidação dessas estruturas. (Foto: Arquivo Faep)