A marca fatal
J. J. Duran
A pandemia da Covid-19 trouxe à luz da opinião pública virtudes, defeitos e fraquezas de muitos governantes. E no mundo todo, incluindo o poderoso EUA de Donald Trump, muitos defeitos e poucas virtudes desenharam um quadro por demais demonstrativo do despreparo do eleitorado no momento de definir o seu voto.
Alguns eleitos pelas maiorias domesticadas mostraram nesse tempo que ainda transitam com sua grandeza como seres humanos e governantes, mas outros deram provas da mediocridade das suas verdadeiras biografias e de sua ignorância cultural.
Os exemplos procedem de distintas ideologias políticas. De um lado e de outro do mundo se mostram aqueles que, por ignorância ou egocentrismo, incursionam com resultado fatal na área da ciência médica. Sem conhecimento algum sobre o tema, opinam, fazem gestos e atos e tomam decisões altamente reprováveis diante de uma pandemia mortal.
Erasmo de Roterdã, um dos maiores humanistas da história, escreveu que mais vale ter governantes malvados que estúpidos e ignorantes. Certo é que melhor ainda é ter bons governantes, já que os atos dos malvados são previsíveis e que deles só saem ruindades. Dos estúpidos nunca se pode saber o que vão fazer, já que sua ignorância os move para fazer atos imprevisíveis.
Os sociólogos opinam majoritariamente que os arrogantes donos da mediocridade absoluta causam danos muitas vezes a si mesmos com seus atos irreflexivos. Porém, em tempos apocalípticos como o que estamos atravessando, um erro custa muitas vidas. Quando isso tudo passar, terá o mundo todo que fazer um exame das catastróficas ações desenvolvidas por cada nação.
Georges Rizzer, em Teoria Clássica Sociológica, nos diz que certos indivíduos que estão transitoriamente como governantes acreditam despreocupadamente que seus atos e opiniões são altamente benéficos para a sociedade, porém esquecem-se de considerar o baixo grau cultural que possuem, o que os coloca muitas vezes na condição de aventureiros dentro de um complexo sistema social.
Durante a pandemia afloraram os charlatães que falam sem pensar, que fazem de sua arrogância uma mostra da debilidade de seus pensamentos. Este vírus tem demonstrado vieses múltiplos, de ordem científica, política, econômica e social, que exigem daqueles que são símbolos de seus povos equilíbrio e sabedoria.
O fim dessa pandemia vai colocar nas páginas da História da humanidade a marca da morte da mentira saída da boca dos medíocres e o renascer da verdade usurpada do povo.
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná