O labirinto de Bolsonaro
J. J. Duran
No dia em que Nelson Teich assumiu o Ministério da Saúde do Governo Jair Bolsonaro, o vice-presidente Hamilton Mourão deixou escapar aos jornalistas que o entrevistavam uma enigmática frase."Está tudo sob controle, porém o que não se sabe é de quem?, declarou o general quatro estrelas.
O difícil momento pela qual passa a humanidade coloca o ex-capitão Bolsonaro à frente de um tema de difícil solução e no qual o que deve ser considerado acima de tudo são as vidas humanas, que se está perdendo diariamente aos milhares.
No período imediatamente anterior à chegada do coronavírus exaltavam-se as bondades de viver dentro das cintilantes luzes da prosperidade e do bem estar emanadas do"Deus mercado".
Bastou um minicrômico invisível vírus escapar da nação símbolo da produtividade para que os governantes do mundo todo compreendessem quão débeis e infinitamente desprotegidos são os avanços obtidos por eles no afã de parecerem deuses aos inquilinos temporais do planeta.
A morte, com toda sua nudez atormentadora, apareceu no escuro firmamento do conhecimento humano para milhões e milhões de pessoas que estão sendo obrigadas a viver em casa e não estão tendo sequer o direito de dizer um adeus aos entes queridos que embarcaram para uma viagem sem retorno.
Reatualizou-se no mundo todo um velho e triste momento da estupidez humana vivido na milenar Europa lá pelos idos de 1939, quando os adoradores da raça superior ariana fechando os judeus em guetos para serem isolados do convívio social, e em seguida os conduziram para campos de concentração cuja denominação mais adequada é antessala do inferno para serem cremados nos fornos do primitivismo humano.
Por tudo isso Bolsonaro, um apóstolo do neoliberalismo evangélico fundamentalista, vive em um labirinto onde há um deserto de ideias e a grande sombra não só daqueles que nele votaram, mas de uma população inteira temerosa do presente e do futuro.
No silêncio dos gabinetes do poder o ex-presidente argentino Arturo Illia costumava dizer: "Governamos, mas não mandamos". E olha que ele nunca caminhou pelo labirinto da mediocridade. (Foto: Antonio Cruz/AGBR)
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná