Bolsonaro e o poder da Bíblia
J. J. Duran
Jair Bolsonaro pretende formar e liderar um bloco internacional de direita com forte presença religiosa vinda das igrejas evangélicas politizadas e das católicas despolitizadas, porém atentas para não ficar de fora do poder.
Acredita-se que o ex-capitão esteja realizando discretas sondagens fora do mundo protocolar diplomático, procurando aderir a esse pensamento presidentes com a mesma identidade ideológica e religiosa, como o paraguaio Mario Abdo Benítez e o colombiano Ivan Duque.
O fantasma que sobrevoa a indo América é o do fundamentalismo religioso e ideológico com forte presença das correntes mais radicais desses cultos e políticas. É a repetição de uma estratégia que em outros tempos e latitudes já criou teocracias nas quais políticos e partidos chegaram ao poder comprometidos com ideias, costumes e valores morais baseados na trilogia Deus-Pátria-Família. Atualmente esse movimento é denominado nos EUA, sob o patriarcado de Donald Trump, de conservadorismo compulsivo ou nacionalismo confessional.
Desde há muito tempo Bolsonaro se manifesta claramente como ferrenho defensor do pensamento direitista e dos costumes conservadores da sociedade. Uma demonstração disso é sua fervorosa defesa da intervenção militar, que dividiu a sociedade brasileira em grupos irreconciliáveis quando a pauta é a autenticidade daquela irrupção armada na vida republicana.
A característica principal dos movimentos político-religiosos que se sucedem mundo afora é a adesão aos ensinamentos bíblicos, coisa que Bolsonaro faz questão de demonstrar ao citar versículos de forma frequente em suas manifestações públicas.
Os discordantes dessa linha doutrinária sustentam que o poder evangélico fundamentalista não morre de amores pelo que prega a democracia clássica e atribuem a isso alguns dos mais claros objetivos de Bolsonaro, dentre eles as reformas educacional, política e trabalhista.
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná