Pulmões bons, cérebros ruins
O pior a fazer nessa quarentena, que aos poucos vai sendo relaxada por força da pressão social, é procurar inteirar-se do que realmente se passa no Brasil tendo como vias de informação as mídias sociais e uma fatia importante da chamada grande mídia, que há muito já se revelou especializada em transformar a tragédia alheia em um espetáculo atraente aos olhos de uma enorme legião de hipócritas. O que mais importa é confundir, por maior que seja o esforço de uma minoria para esclarecer dúvidas que surgem a todo momento diante de um verdadeiro bombardeio de informações contraditórias. Parece que de repente o mundo se resumiu à pandemia, em um jogo macabro no qual a paixão supera de longe a razão e faz com que o coronavírus ataque muito mais o cérebro do que os pulmões. Esse debate, que no Brasil tem como principais protagonistas um presidente totalmente bronco e uma oposição que aposta todas as fichas em um País arrasado para voltar ao poder, tem relegado a segundo plano o que é verdadeiramente essencial: a compreensão de que o modelo atual de sociedade, baseado de um lado na prepotência e de outro na permissividade que coloca em xeque valores cristãos pétreos, está com os dias contados, pois o mundo com certeza não sairá o mesmo desse momento, que certamente ainda se revelará bem mais trágico.
Bom senso
Ratinho Junior (Paraná), Ibaneis Rocha (Distrito Federal), Romeu Zema (Minas Gerais), Wilson Lima (Amazonas), Antonio Denarium (Roraima), Marcos Rocha (Rondônia) e Gladson Camelli (Acre) foram os únicos governadores a não assinar uma polêmica carta divulgada ontem. Nela, os outros 20 criticaram a postura política de Jair Bolsonaro, o que é perfeitamente aceitável, mas hipotecaram total apoio a Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, o que é simplesmente inadmissível.
Ratinho explica
O governador do Paraná disse nesta segunda-feira que não assinou tal carta porque, em sua opinião, a prioridade neste momento é lutar para que o Brasil tenha as menores perdas possíveis, não só econômicas, mas também humanas. "O Paraná não tem tempo a perder com discussões políticas. Juntos entramos nesta crise. Juntos dela sairemos. O momento é de união", completou Ratinho Junior.
* Pílulas
* O deputado iguaçuense Soldado Fruet protocolou requerimento na Assembleia Legislativa solicitando que o Governo do Estado antecipe o pagamento do 13º salário ao funcionalismo público paranaense. * É, no mínimo, uma proposta indecente a se considerar o fato de que os servidores seguem recebendo religiosamente seus salários, quando milhares e milhares de outros paranaenses perderam o emprego por conta da crise causada pelo coronavírus. * Teria sido muito mais interessante Fruet solicitar que os políticos (incluindo ele próprio, claro) abrissem mão de parte dos salários para oferecer ao Estado condições mais favoráveis para socorrer aos necessitados. * Os efeitos da pandemia do coronavírus são visíveis em todo o Paraná, menos no Porto de Paranaguá. * O terminal não só segue trabalhando normalmente, como tem registrado sucessivos novos recordes. Menos mal!