A colunata de Bolsonaro
J. J. Duran
Independente de sermos apoiadores ou não de Jair Bolsonaro, democraticamente escolhido com os votos de mais de 67 milhões de brasileiros, temos que reconhecer que o belicoso, porém autêntico presidente, confirma com fatos o que prometeu ao eleitorado antes de ascender ao cargo.
Essa autenticidade não é compreendida pelos muitos que não votaram nele, por parte dos que votaram e por aqueles que seguem vendo, sem motivação desapaixonada, sua forma de governar como um permanente foco de tensão entre o Executivo e os demais poderes da República.
O belicoso ex-capitão formou inteligentemente um governo cujos principais componentes são a garantia de controle institucional e um desassossego permanente para os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre, e da Câmara, Rodrigo Maia.
Os gestos públicos frequentes com uma espécie de miniaudiências ao lado do carro oficial, que contam com adesão mística de uma claque difusa ideologicamente, são uma estudada forma gestual para fazer uma espécie de coroação de sua personalidade, totalmente diferente do que se viu até agora de um chefe da República.
Com entradas e saídas do cenário político nacional de seus três numerados filhos, todos políticos de médio e baixo clero, o presidente usa magistralmente o que eles aprontam nas redes sociais para entrar em cena, seja como mediador, seja como confirmador do pensamento de seus herdeiros.
A isso se agrega um Congresso segmentado em denominações quase grotescas, que vão dos pseudo defensores intransigentes do Evangelho aos reais defensores do agronegócio, passando por uma tal bancada da bala, esta mais parecida com o mito.
São diferentes retratos de uma República cuja turbulência atual acontece após décadas de roubos, frustrações políticas e declínio absoluto da ética.
Porém, a colunata mor, silenciosa, atuando sem falso ego ou apetite de poder e constituída do melhor que tem a oferecer o generalato quatro estrelas do Exército Brasileiro, segue sóbria e, com sua alta visão republicana, se convertendo cada dia mais em fiadora de uma democracia ainda balbuciante.
J. J. Duran é jornalista, Cidadão Honorário do Paraná e membro da Academia Cascavelense de Letras