E o futuro?
Vander Piaia
Diante da crise que se estabeleceu (diga-se de passagem, uma crise de saúde) sabíamos, de antemão, que perdas de vidas humanas ocorreriam. Então, o que queremos é minimizar isto, visto que o conceito de isolamento absoluto não existe.
Há pessoas nos trabalhos essenciais, para quê? Para que os demais possam comer, comprar remédios... ou seja, continuar vivendo. Ademais, não somos uma ilha, pessoas de fora chegam e saem para trazer produtos ou para atender necessidades de sua família. Haverá as mortes decorrentes do vírus e haverá as mortes que podem ocorrer com o caos social, depois do coronavírus.
Olhar apenas o agora não vai garantir o caos que se avizinha. Se tudo isto está sendo feito para preservar vidas, então temos que olhar o agora e o depois.
Se tivéssemos os dados dizendo o seguinte: isolamento absoluto (horizontal) 500 mortes agora e 5000 mortes no período de um ano, decorrentes do caos econômico, ou 1000 mortes agora (lockdown vertical) e 500 mortes depois, no período de um ano, decorrentes dos efeitos da crise do vírus, qual você escolheria?
Os números acima são a título de exemplo, mas correspondem à realidade que um desemprego em massa vai gerar (desabastecimento, suicídios, latrocínios e outras doenças decorrentes. Desculpem se neste momento pode parecer uma análise fria, mas daqui a alguns meses iremos constatar que esta é a cruel realidade.
Concordo com os gestores que estão fechando o cerco, porém com válvulas de escape para aliviar a pressão e manter em atividade parte do setor produtivo (indústrias e supermercados). Perdas humanas já estão ocorrendo, mas os que estão à frente da gestão pública tem que olhar o agora e o depois. Eles não são responsáveis apenas pelo PRESENTE das pessoas, são responsáveis também pelo seu FUTURO.
Vander Piaia é economista