Redes idiotizadas
J. J. Duran
A humanidade atravessa a etapa de transformações mais profundas da sua História. Jamais existiu tanto desenvolvimento científico e tecnológico e tão grandes possibilidades de geração de conhecimento e riquezas. Porém, também jamais se viu tanta desigualdade social e tantos seres humanos morrendo de desnutrição e falta de atenção à saúde.
Os países desenvolvidos experimentam a chamada espiral do progresso, que os separa daqueles que seguem submersos no passado de sua História. Esses países desenvolvidos vêm de longa data fomentando a criatividade, o esforço destinado a melhorar o bem-estar de todos e não de uma pequena porção de afortunados.
Porém, também existem problemas novos derivados desse cenário. As chamadas redes sociais alimentam fantasmas entre os membros dessas comunidades. Criam e fomentam o enfrentamento entre as chamadas minorias militantes que, sem qualquer pudor, procuram impor sua verdade e seus discutíveis conceitos de vivência em comunidade.
No lado oposto a essas redes permissivas do anonimato e da mostra inequívoca da existência de chacais sedentos de sangue, reside uma parcela absorta, perplexa, silenciosa e que procura advertir sobre o que virá logo adiante.
Mas para os novos gurus da comunicação via redes sociais, tudo se traduz no imediatismo e no desprezo ao que os outros pensam. Donos da razão, eles precisam impor o servilismo à mediocridade e à santificação da violência como forma de silenciar o diálogo.
Diante desse cenário, alguns se perguntam o porquê da crise que assola o sistema democrático. Pensam que temos que assumir a existência de uma nova realidade do fator.
Enquanto as sociedades inteligentes renovam quotidianamente seus objetivos e princípios, nas demais um coquetel explosivo cria enfrentamentos no lugar de entendimentos a ponto de fazer com que a violência deixe de ser notícia para se tornar parte do poder existir.
Como se vê, nem tudo que cai na rede é peixe. Isso acontece também com muitos idiotas.
J. J. Duran é jornalista e membro da Academia Cascavelense de Letras